domingo, 18 de outubro de 2009

Dermatite de contato

Trata-se de uma doença bastante comum, afetando a pele de muitas pessoas, causando não só prurido como também problemas estéticos, que muitas vezes deixam as pessoas envergonhadas, principalmente quando o problema for emlocais visíveis. Em certos casos, a dermatite de contato pode até mesmo prejudicar certas profissões, como acontece para as pessoas que lavam roupas manualmente, ou até mesmo pintores, que estão frequentemente em contato com tintas e solventes. Como o nome já diz, a dermatite de contato é uma inflamação da pele, causada por uma substância que entra em contato com o corpo. é interessante notar que existem dois tipos de dermatite de contato.Um deles é causado por substâncias que irritam a pele, por isso chamados irritantes. Neste grupo, a pessoa nãoprecisa ser alérgica para desenvolver a doença, pois o mecanismo de formação da doença não envolve uma reação imunológica, como acontece nas dermatites de contato alérgicas. Nestas, o individuo só começa a apresentar os sintomas de dermatite se ele for sensível àquele determinado alérgeno. Na verdade, os sintomas das duas dermatites são semelhantes e fica difícil muitas vezes diferenciar uma da outra.

Tipos de Dermatite de Contato:

- Causada por agentes irritantes: Existem vários produtos normalmente utilizados que podem provocar essainflamação na pele. Como foi citado, qualquer pessoa pode ter dermatite, basta que ela entre em contato com um dos agentes irritantes que irão desenvolver a doença. Dos irritantes, os mais comuns são os sabões e detergentes. Eles normalmente eliminam a camada de óleo que temos na nossa pele que ajuda a nos proteger contra doenças. Com isso,a pele fica mais sensível, provocando prurido e irritação. Muitas vezes, o próprio resíduo de sabão que fica na pele após nos lavarmos pode provocar a irritação encontrada na dermatite. Também o álcool, tintas e solventes são agentes irritantes para a pele, provocando a dermatite. Além deles, podemos citar os produtos de limpeza como cândida e outros como irritantes da pele. Mesmo o plástico e alguns metais podem provocar a dermatite de contato.Como sempre, a doença pode acometer algumas pessoas e não outras. Isso acontece devido ao fato de cada um tem um tipo de pele diferente do outro. Os locais mais afetados são aqueles em que a camada de pele é mais fina, como naspálpebras, genitais e no rosto. Também as regiões mais úmidas do corpo são mais susceptíveis à dermatite de contato, pois a umidade aumenta a irritação da pele. é bom lembrar que peles muito secas também se irritam facilmente.

SINTOMAS

Os sintomas e sinais variam conforme a potência do irritante e o tempo em que a pele ficou em contato com ele. Se o agente irritante for muito forte, os sintomas podem aparecer logo após o contato. Já nos casos mais leves, a irritação só surge com o tempo, principalmente com o uso repetido dos produtos irritantes. O que se nota normalmente são lesões secas e descamativas, principalmente nas mãos e braços. Nas lesões mais graves notam-se bolhas, intensa vermelhidão, rachaduras na pele ou mesmo úlceras, dependendo do caso. Além disso, a pessoa se queixa de prurido, às vezes queimação, ou até mesmo dor nos locais afetados.

DIAGNÓSTICO

Em geral, o doente nota que apareceu a irritação logo após o uso de determinado irritante. Mas nem sempre é possível saber o que é que está causando a dermatite, principalmente se existem vários irritantes em questão ou seo problema já vem ocorrendo há algum tempo. O melhor jeito de saber nesses casos é colocar uma pequena quantidade de cada irritante em contato com a pele e notar qual é o que provoca a reação.

TRATAMENTO

A melhor forma de contornar esse problema é detectar qual é o agente que está provocando a irritação e evitar entrar em contato com ele. Se não é possivel evitar o contato em si, usar algum tipo de proteção, como o uso de luvas quando lavar roupas, louças ou na limpeza da casa. As melhores luvas são as de vinil, em relação às de latex,pois causam menos alergia. Se for o caso, coloque uma luva de algodão puro em baixo da de vinil, pois a luva de algodão ajuda a absorver o suor das mãos, evitando que cause irritação. Para aqueles que tem a pele muito seca, é bom usar sempre um creme hidratante para evitar que a pele se irrite. Outro fator importante é evitar lavar as mãoscom água muito quente, pois irrita mais a pele. Utilize-se das máquinas como as de lavar roupa e de lavar pratos,se possível. Procure produtos de limpeza e sabões que sejam mais delicados para a pele. Para o rosto, mãos ou mesmopara tomar banho, prefira os sabonetes neutros ou aqueles para pele sensível. Quando possível, compre produtos que não contenham perfume, pois causam menos problema para a pele. Quando houver necessidade, o médico poderáprescrever um creme a base de corticoide para solucionar o problema.

- DERMATITE POR ALERGIAS: São muitos semelhantes às dermatites por irritantes no aspecto externo, porém a grande diferença é na maneira com que a doença se desenvolve. No caso das alergias, as lesões na pele só irão aparecer naquelas pessoas que são alérgicas a determinados agentes, os chamados alérgenos. Para que haja a reação alérgica, a pessoa primeiro entra em contato com a substância alérgena e se torna sensível àquele agente. O corpo então registra aquele agente como um agressor e, se a pessoa entrar em contato novamente com ele, começará a reação alérgica. Portanto, a dermatite só aparece depois de algum tempo. às vezes, são necessárias várias exposições paraque a pessoa se torne sensível. Quanto maior for a sensibilidade e quanto mais tempo a pessoa tiver contato com oagente agressor, maior será a reação alérgica. Várias substâncias podem desenvolver alergia de contato. Poderemos citar algumas, como o níquel (encontrado em bijuterias e mesmos jóias finas), plantas, borracha (Latex), perfumes,maquiagem, e outras. Até mesmo o sol pode provocar alergia para determinadas pessoas.
A alergia ao níquel é bastante comum,já que vários produtos contém esse agente em sua fórmula. é o caso dasbijuterias, as jóias mais finas, zíperes, moedas, tesouras, grampos, canetas, pinças, enfim, uma infinidade deprodutos que utilizamos dia a dia. As lesões causadas por ele vão aparecer nos locais onde usamos os produtos. Assim sendo, é comum observarmos uma vermelhidão do pescoço daqueles que usam corrente feita com níquel, alergiano lóbulo da orelha daqueles que usam brincos com níquel, e assim por diante. Essas lesões provocam muita coceira,vermelhidão, às vezes bolhas. Uma forma de solucionar o problema é evitar de usar essas bijuterias ou produtos queestejam provocando a alergia, além de usar uma pomada a base de corticoide para aliviar os sintomas.
Outro tipo de alergia de contato comum é aquele provocado pelo uso de cosmésticos e tinturas de cabelo. A região dos olhos é a mais susceptível ao uso de maquiagem, mas pode afetar outras partes do rosto. Mesmo produtos como hidratantes, protetores solar, perfumes e outros produtos usados na pele podem provocar reação alérgica. Em geral, a alergia dos cosmésticos é causada pelos perfumes colocados nesses produtos. Deve-se incluir nesta lista também osdesodorantes como causadores de alergia. Outro ingrediente que normalmente está presente nos cosmésticos e que é responsável pelas alergias de pele são os preservativos, que são colocados nos produtos para prevenir que se contaminem com bactérias. Os sintomas são de prurido, vermelhidão no local,muitas vezes com descamação e até mesmobolhas. Em geral, a pessoa percebe a irritação quando muda para um novo cosméstico, porém, nem sempre é possível saber o que está provocando a alergia, principalmente se a pessoa usa vários produtos diferentes. Quando houverdúvida em se detectar qual é o agente que está provocando a alergia, o melhor jeito é fazer um teste alérgico, colocando-se todos os possíveis alérgenos diretamente em contato com a pele, em forma de emplasto/adesivo, para ver qual é o causador do problema. Sabendo-se qual é o causador da alergia, a melhor forma é não usar qualquerproduto que contenha aquele agente.Fique algum tempo sem usar nenhum produto para depois testar um outro cosmético.Para tratar o problema em si, usa-se cremes a base de corticoides, sendo que para a região dos olhos deve-se usar uma fórmula bem mais fraca, pois é uma região bem sensível.
Também são frequentes as alergias de contato por produtos de borracha como sandálias, pulseiras de relógio, e aqueles produtos feitos a base de latex, como por exemplo, as luvas cirúrgicas e até mesmo a camisinha. Em relaçãoàs luvas cirúrgicas, o problema vem crescendo muito, principalmente entre os médicos e dentistas que necessitamusá-las frequentemente. Muitas vezes, a alergia nem é causada pelo latex em sí, mas pelos produtos que são colocados nas luvas, como o talco. é preciso diferenciar bem o agente causador. Para aqueles com alergia à luva de latex, estão sendo fabricadas luvas de vinil e outros materiais sofisticados que não provocam alergia. Outro problema sério tem sido em relação às camisinhas, também produzidas por latex. Como ultimamente vem crescendo o número de doenças transmissíveis pelo sexo, tem sido muito recomendado o uso de preservativos como forma deprevenção. Mas, com isso tem surgido mais casos de alergia ao produto. Como uma forma de melhorar a situação,estão sendo fabricadas camisinhas com outros materiais que não o latex, como por exemplo estireno e polímeros. Faz-se necessário salientar que nem sempre a alergia é causada pelo preservativo em si, mas pode ser causada peloslubrificantes que são colocados na camisinha quando são produzidos. Nesse caso, mudando-se de uma marca para outra pode resolver o problema.

Psoríase e suas variações

Psoríase é uma doença inflamatória da pela, benigna, crônica, relacionada à transmissão genética e que necessita defatores que a desencadeie para o seu surgimento ou piora, geralmente se manifesta no período do inverno.Incide em duas faixas etárias: antes dos 30 anos e após os 50 anos.Trata-se de uma doença não contagiosa, que abrange muitos genes (multigênica), e em parte depende de fatores exógenos, influência do meio, alguns medicamentos ou estresse.

As lesões são localizadas principalmente em superfícies de extensão como joelhos e cotovelos, couro cabeludo, palmas das mãos, sola dos pés (área de maior atrito). Há períodos de exacerbação e remissão.

De acordo com sua localização e aspecto a psoríase é denominada:

- Psoríase vulgar: apresenta-se na forma de placas de tamanhos variados, bem delimitadas, avermelhadas, geográfica, em gotas,;

- Psoríase pustulosa apresenta pústulas estéreis, acometendo as palmas e as plantas ou são generalizadas, nem sempre apresentando lesões típicas da psoríase;

- Psoríase artropática periférica manifesta-se geralmente com início agudo, com comprometimento assimétrico de várias articulações nas extremidades dos dedos das mãos e dos pés. Na psoríase atropática central, a coluna lombarem sua porção superior e torácica inferior são as mais comprometidas;

- Psoríase invertida caracteriza-se por lesões mais úmidas, localizadas em áreas em que há dobras;

- Psoríase ungueal que acomete mais as unhas das mãos, podem apresentar depressões puntiformes ou manchas amareladas;

- Psoríase gutata apresenta lesões em forma de gotas associadas a infecções, pequenas, encontrando-se no tronco eparte proximal dos braços e coxas, não se manifestando nas mãos e pés;

- Psoríase eritrodérmica trata-se de lesões generalizadas abrangendo de 75% ou mais do corpo.

DIAGNÓSTICO:

Se dá através da observação das lesões , em casos mais graves ou atípicos o diagnóstico se faz pela biópsia e exames laboratoriais.


TRATAMENTO:

De acordo com sua gravidade, pode ser administrado tratamento local e/ou via oral

PREVEN ÇÃO:

Há que se fazer um histórico para acompanhar sua evolução e distinguir seu fator desencadeante, seja ele um fator exógeno ou de fundo emocional.

POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE

MINISTÉRIO DA SAÚDE POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE

Apresentação

Historicamente, a atenção à saúde no Brasil tem investido na formulação, implementação e concretização de políticas de promoção,proteção e recuperação da saúde. Há, pois, um grande esforço na construção de um modelo de atenção à saúde que priorize ações demelhoria da qualidade de vida dos sujeitos e coletivos.O Ministério da Saúde, em setembro de 2005, definiu a Agenda de Compromisso pela Saúde que agrega três eixos O Pacto em Defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), O Pacto em Defesa da Vida e o Pacto de Gestão. Destaca-se aqui o Pacto pela Vida que constitui um conjunto de compromissos sanitários que deverão se tornar prioridades inequívocas dos três entes federativos, com definição dasresponsabilidades de cada um.Dentre as macro-prioridades do Pacto em Defesa da Vida, possui especial relevância o aprimoramento do acesso e da qualidadedos serviços prestados no SUS, com a ênfase para o fortalecimento e qualificação estratégica da Saúde da Família; A Promoção, Informação e Educação em Saúde com ênfase na Promoção de atividade física, na Promoção de hábitos saudáveis de alimentação e vida, controle do tabagismo; controle do uso abusivo de bebida alcoólica; cuidados especiais voltados ao processo de envelhecimento.Nessa direção, o desafio colocado para o gestor federal do SUS consiste em propor uma política transversal, integrada e intersetorial, que faça dialogar as diversas áreas do setor sanitário, os outros setores do Governo, os setores privado e não governamental e a sociedade,compondo redes de compromisso e co-responsabilidade quanto à qualidade de vida da população em que todos sejam partícipes nocuidado com a saúde.A publicação da Política Nacional de Promoção da Saúde ratifica o compromisso da atual gestão do Ministério da Saúde na ampliação e qualificação das ações de promoção da saúde nos serviços e na gestão do Sistema Único de Saúde.
Ministro da Saúde

1. INTRODUÇÃO

As mudanças econômicas, políticas, sociais e culturais, que ocorreram no mundo desde o século XIX e que se intensificaram no séculopassado, produziram alterações significativas para a vida em sociedade.Ao mesmo tempo, tem-se a criação de tecnologias cada vez mais precisas e sofisticadas em todas as atividades humanas e o aumentodos desafios e dos impasses colocados ao viver.A saúde, sendo uma esfera da vida de homens e mulheres em toda sua diversidade e singularidade, não permaneceu fora do desenrolar dasmudanças da sociedade nesse período. O processo de transformação da sociedade é também o processo de transformação da saúde e dosproblemas sanitários.Nas últimas décadas, tornou-se mais e mais importante cuidar da vida de modo que se reduzisse a vulnerabilidade ao adoecer e as chances deque ele seja produtor de incapacidade, de sofrimento crônico e de morte prematura de indivíduos e população.Além disso, a análise do processo saúde-adoecimento evidenciou que a saúde é resultado dos modos de organização da produção, do trabalho e da sociedade em determinado contexto histórico e o aparato biomédico não consegue modificar os condicionantes nem determinantes mais amplos desse processo, operando um modelo de atenção e cuidado marcado, na maior parte das vezes, pela centralidade dos sintomas.No Brasil, pensar outros caminhos para garantir a saúde da população significou pensar a redemocratização do país e a constituição de umsistema de saúde inclusivo.Em 1986, a 8ª. Conferência Nacional de Saúde (CNS) tinha como tema “Democracia é Saúde” e constituiu-se em fórum de luta pela descentralização do sistema de saúde e pela implantação de políticas sociais que defendessem e cuidassem da vida (BRASIL, 1986). Era um momento chave do Movimento da Reforma Sanitária Brasileira e da afirmação da indissociabilidade entre a garantia da saúde como direitosocial irrevogável e a garantia dos demais direitos humanos e de cidadania. O relatório final da 8ª CNS lançou os fundamentos da proposta do SUS (BRASIL, 1990).Na base do processo de criação do SUS encontram-se: o conceito ampliado de saúde, a necessidade de criar políticas públicas para promovê-la, o imperativo da participação social na construção do sistema e das políticas de saúde e a impossibilidade do setor sanitário responder sozinho à transformação dos determinantes e condicionantes para garantir opções saudáveis para a população. Nesse sentido, o SUS,como política do Estado brasileiro pela melhoria da qualidade de vida e pela afirmação do direito à vida e à saúde, dialoga com as reflexões e osmovimentos no âmbito da promoção da saúde. A promoção da saúde, como uma das estratégias de produção de saúde, ou seja, como um modo de pensar e de operar articulado às demaispolíticas e tecnologias desenvolvidas no sistema de saúde brasileiro, contribui na construção de ações que possibilitam responder às necessidades sociais em saúde.No SUS a estratégia de promoção da saúde é retomada como uma possibilidade de enfocar os aspectos que determinam o processo saúdeadoecimentoem nosso país como, por exemplo: violência, desemprego, subemprego, falta de saneamento básico, habitação inadequada e/ouausente, dificuldade de acesso à educação, fome, urbanização desordenada, qualidade do ar e da água ameaçada, deteriorada; epotencializar formas mais amplas de intervir em saúde.Tradicionalmente, os modos de viver têm sido abordados numa perspectiva individualizante e fragmentária e, colocam os sujeitos e as comunidades como os responsáveis únicos pelas várias mudanças/arranjos ocorridos no processo saúde-adoecimento ao longoda vida. Contudo, na perspectiva ampliada de saúde, como definida no âmbito do Movimento da Reforma Sanitária Brasileira, do SUS e dasCartas da Promoção da Saúde, os modos de viver não se referem apenas ao exercício da vontade e/ou liberdade individual e comunitária.Ao contrário, os modos como sujeitos e coletividades elegem determinadas opções de viver como desejáveis, organizam suasescolhas e criam novas possibilidades para satisfazer suas necessidades, desejos e interesses pertencem à ordem coletiva, uma vez que seuprocesso de construção dá-se no contexto da própria vida.Propõe-se, então, que as intervenções em saúde ampliem seu escopo, tomando como objeto os problemas e necessidades de saúde e seus determinantes e condicionantes de modo que a organização da atenção e do cuidado envolva, ao mesmo tempo, as ações e serviços queoperem sobre os efeitos do adoecer e àqueles que visem o espaço para além dos muros das unidades de saúde e do sistema de saúde, incidindo sobre as condições de vida e favorecendo a ampliação de escolhas saudáveis por parte dos sujeitos e coletividades no território onde vivem e trabalham.Nesta direção, a promoção da saúde estreita sua relação com a vigilância em saúde, numa articulação que reforça a exigência de ummovimento integrador na construção de consensos e sinergias e na execução das agendas governamentais a fim de que as políticas públicassejam cada vez mais favoráveis à saúde e à vida e estimulem e fortaleçam o protagonismo dos cidadãos em sua elaboração eimplementação, ratificando os preceitos constitucionais de participação social. O exercício da cidadania assim, vai além dos modos institucionalizados de controle social, implicando, por meio da criatividade e do espírito inovador, a criação de mecanismos de mobilização e participação como os vários movimentos e grupos sociais, organizando-se em rede.O trabalho em rede, com a sociedade civil organizada, favorece que o planejamento das ações em saúde esteja mais vinculado às necessidades percebidas e, vivenciadas pela população nos diferentes territórios e, concomitantemente, garante a sustentabilidade dosprocessos de intervenção nos determinantes e condicionantes de saúde.A saúde, como produção social de determinação múltipla e complexa, exige a participação ativa de todos os sujeitos envolvidos em suaprodução – usuários, movimentos sociais, trabalhadores da saúde, gestores do setor sanitário e de outros setores –, na análise e naformulação de ações que visem à melhoria da qualidade de vida. O paradigma promocional vem colocar a necessidade de que o processo deprodução do conhecimento e das práticas no campo da saúde e, mais ainda, no campo das políticas públicas faça-se por meio da construção eda gestão compartilhadas.Desta forma, o agir sanitário envolve fundamentalmente o estabelecimento de uma rede de compromissos e co-responsabilidadesem favor da vida e da criação das estratégias necessárias para que ela exista. A um só tempo, comprometer-se e co-responsabilizar-se peloviver e por suas condições são marcas e ações próprias da clínica, da saúde coletiva, da atenção e da gestão, ratificando-se a indissociabilidade entre esses planos de atuação.Entende-se, portanto, que a promoção da saúde é uma estratégia de articulação transversal na qual se confere visibilidade aos fatores quecolocam a saúde da população em risco e às diferenças entre necessidades, territórios e culturas presentes no nosso país, visando àcriação de mecanismos que reduzam as situações de vulnerabilidade, defendam radicalmente a equidade e incorporem a participação e ocontrole sociais na gestão das políticas públicas.Na Constituição Federal de 1988, o Estado brasileiro assume como seus objetivos precípuos a redução das desigualdades sociais e regionais, apromoção do bem de todos e a construção de uma sociedade solidária sem quaisquer formas de discriminação. Tais objetivos marcam o modode conceber os direitos de cidadania e os deveres do Estado no país, dentre os quais a saúde (BRASIL, 1988).Neste contexto, a garantia da saúde implica assegurar o acesso universal e igualitário dos cidadãos aos serviços de saúde, mas tambéma formulação de políticas sociais e econômicas que operem na redução dos riscos de adoecer. No texto constitucional tem-se ainda que o sistema sanitário brasileiro encontra-se comprometido com a integralidade da atenção à saúde, quando suas ações e serviços são instados a trabalharpela promoção, proteção e recuperação da saúde, com a descentralização e com a participação social. No entanto, ao longo dos anos, o entendimento da integralidade passou a abranger outras dimensões, aumentando a responsabilidade do sistema de saúde com a qualidade da atenção e do cuidado. A integralidade implica, para além da articulação e sintonia entre as estratégias de produção da saúde, a ampliação da escuta dostrabalhadores e serviços de saúde na relação com os usuários, quer individual e/ou coletivamente, de modo a deslocar a atenção daperspectiva estrita do seu adoecimento e dos seus sintomas para o acolhimento de sua história, de suas condições de vida e de suas necessidades em saúde, respeitando e considerando suas especificidades e suas potencialidades na construção dos projetos e daorganização do trabalho sanitário.A ampliação do comprometimento e da co-responsabilidade entre trabalhadores da saúde, usuários e território em que se localizam alteraos modos de atenção e de gestão dos serviços de saúde, uma vez que a produção de saúde torna-se indissociável da produção de subjetividadesmais ativas, críticas, envolvidas e solidárias e, simultaneamente, exige a mobilização de recursos políticos, humanos e financeiros que extrapolamo âmbito da saúde. Assim, coloca-se ao setor saúde o desafio de construir a intersetorialidade.Compreende-se a intersetorialidade como uma articulação das possibilidades dos distintos setores de pensar a questão complexa dasaúde, de co-responsabilizar-se pela garantia da saúde como direito humano e de cidadania e de mobilizar-se na formulação de intervençõesque a propiciem. O processo de construção de ações intersetoriais implica a troca e a construção coletiva de saberes, linguagens e práticas entre os diversossetores envolvidos na tentativa de equacionar determinada questão sanitária, de modo que nele torna-se possível produzir soluções inovadoras quanto à melhoria da qualidade de vida. Tal processo propicia a cada setor a ampliação de sua capacidade de analisar e detransformar seu modo de operar a partir do convívio com a perspectiva dos outros setores, abrindo caminho para que os esforços de todossejam mais efetivos e eficazes.O compromisso do setor saúde na articulação intersetorial é tornar cada vez mais visível que o processo saúde-adoecimento é efeito de múltiplos aspectos, sendo pertinente a todos os setores da sociedade e devendo compor suas agendas. Dessa maneira, é tarefa do setor saúde nasvárias esferas de decisão convocar os outros setores a considerarem a avaliação e os parâmetros sanitários quanto à melhoria da qualidade devida da população quando forem construir suas políticas específicas.Ao se retomar as estratégias de ação propostas pela Carta de Ottawa (BRASIL, 1996) e analisar a literatura na área observa-se que, até omomento, o desenvolvimento de estudos e evidências aconteceu em grande parte vinculado às iniciativas ligadas ao comportamento e aoshábitos dos sujeitos. Nesta linha de intervenção já é possível encontrar um acúmulo de evidências convincentes, que são aquelas baseadas emestudos epidemiológicos demonstrativos de associações convincentes entre exposição e doença a partir de pesquisas observacionais prospectivas e, quando necessário, ensaios clínicos randomizados com tamanho, duração e qualidade suficientes (BRASIL, 2004d).Entretanto, persiste o desafio de organizar estudos e pesquisas para identificação, análise e avaliação de ações de promoção da saúde que operem nas estratégias mais amplas que foram definidas em Ottawa (BRASIL, 1996) e que estejam mais associadas às diretrizes propostaspelo Ministério da Saúde na Política Nacional de Promoção da Saúde, a saber: integralidade, equidade, responsabilidade sanitária, mobilização e participação social, intersetorialidade, informação, educação e comunicação, e sustentabilidade.A partir das definições constitucionais, da legislação que regulamenta o SUS, das deliberações das conferências nacionais de saúde e do PlanoNacional de Saúde (2004-2007) (BRASIL, 2004a), o Ministério da Saúde propõe a Política Nacional de Promoção da Saúde num esforço para oenfrentamento dos desafios de produção da saúde num cenário sócio histórico cada vez mais complexo e que exige a reflexão e qualificaçãocontínua das práticas sanitárias e do sistema de saúde. Entende-se que a promoção da saúde apresenta-se como um mecanismo de fortalecimento e implantação de uma política transversal,integrada e intersetorial, que faça dialogar as diversas áreas do setor sanitário, os outros setores do Governo, o setor privado e nãogovernamental e a sociedade, compondo redes de compromisso e coresponsabilidade quanto à qualidade de vida da população em que todossejam partícipes na proteção e no cuidado com a vida.Vê-se, portanto, que a promoção da saúde realiza-se na articulação sujeito/coletivo, público/privado, Estado/sociedade, clínica/política, setorsanitário/outros setores, visando romper com a excessiva fragmentação na abordagem do processo saúde-adoecimento e reduzir avulnerabilidade, os riscos e os danos que nele se produzem. No esforço por garantir os princípios do SUS e a constante melhoria dos serviços por ele prestados e por melhorar a qualidade de vida de sujeitos e coletividades entende-se que é urgente superar a cultura administrativa fragmentada e desfocada dos interesses e necessidadesda sociedade, evitando o desperdício de recursos públicos, reduzindo a superposição de ações e, conseqüentemente, aumentando a eficiência e a efetividade das políticas públicas existentes.Nesse sentido, a elaboração da Política Nacional de Promoção da Saúde é oportuna posto que seu processo de construção e deimplantação/implementação nas várias esferas de gestão do SUS e na interação entre o setor sanitário e os demais setores das políticas públicas e da sociedade provoca a mudança no modo de organizar, planejar, realizar, analisar e avaliar o trabalho em saúde.

2. OBJETIVOS

Objetivo Geral

Promover a qualidade de vida e reduzir vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes – modos de viver,condições de trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura, acesso a bens e serviços essenciais.

Objetivos específicos

Incorporar e implementar ações de promoção da saúde, com ênfase na atenção básica;
Ampliar a autonomia e a co-responsabilidade de sujeitos e coletividades, inclusive o poder público, no cuidado integral àsaúde e minimizar e/ou extinguir as desigualdades de toda e qualquer ordem (étnica, racial, social, regional, de gênero, deorientação/opção sexual, dentre outras);
Promover o entendimento da concepção ampliada de saúde, entre os trabalhadores em saúde, tanto das atividades-meio, como os daatividade-fim;
Contribuir para o aumento da resolubilidade do Sistema, garantindo qualidade, eficácia, eficiência e segurança das ações depromoção da saúde;
Estimular alternativas inovadoras e socialmente inclusivas/contributivas no âmbito das ações de promoção dasaúde;
Valorizar e otimizar o uso dos espaços públicos de convivência e de produção de saúde para o desenvolvimento das ações dePromoção da Saúde;
Favorecer a preservação do meio ambiente e a promoção de ambientes mais seguros e saudáveis;
Contribuir para elaboração e implementação de políticas públicas integradas que visem à melhoria da qualidade de vida noplanejamento de espaços urbanos e rurais;
Ampliar os processos de integração baseados na cooperação, solidariedade e gestão democrática;
Prevenir fatores determinantes e/ou condicionantes de doenças e agravos à saúde;
Estimular a adoção de modos de viver não-violentos e o desenvolvimento de uma cultura de paz no país;
Valorizar e ampliar a cooperação do setor da saúde com outras áreas de governos, setores e atores sociais para a gestão de políticas públicas e a criação e/ou o fortalecimento de iniciativas que signifiquem redução das situações de desigualdade.

3. DIRETRIZES

3.1. Reconhecer na Promoção da Saúde uma parte fundamental da busca da eqüidade, da melhoria da qualidade de vida e de saúde.
3.2. Estimular as ações intersetoriais, buscando parcerias que propiciem o desenvolvimento integral das ações de Promoção da Saúde.
3.3. Fortalecer a participação social como fundamental na consecução de resultados de Promoção da Saúde, em especial a eqüidade e oempoderamento individual e comunitário.
3.4. Promover mudanças na cultura organizacional, com vistas à adoção de práticas horizontais de gestão e estabelecimento de redes decooperação intersetoriais.
3.5. Incentivar a pesquisa em Promoção da Saúde, avaliando eficiência, eficácia, efetividade e segurança das ações prestadas.
3.6. Divulgar e informar das iniciativas voltadas para a Promoção da Saúde para profissionais de saúde, gestores e usuários do SUS,considerando metodologias participativas e o saber popular e tradicional.

4. ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO

De acordo com as responsabilidades de cada esfera de gestão do SUS - Ministério da Saúde, Estados e Municípios, destacamos as estratégiaspreconizadas para implementação da Política Nacional de Promoção da Saúde
4.1 Estruturação e fortalecimento das ações de Promoção da Saúde no Sistema Único de Saúde, privilegiando as práticas de saúde sensíveis àrealidade do Brasil.
4.2 Estímulo à inserção de ações de Promoção da Saúde em todos os níveis de atenção, com ênfase na atenção básica, voltadas às ações decuidado com o corpo e a saúde; alimentação saudável e prevenção e controle ao tabagismo.
4.3 Desenvolvimento de estratégias de qualificação em ações de Promoção da Saúde para profissionais de saúde inseridos no SistemaÚnico de Saúde.
4.4 Apoio técnico e/ou financeiro a projetos de qualificação de profissionais para atuação na área de informação, comunicação eeducação popular referentes à Promoção da Saúde que atuem na Estratégia Saúde da Família e Programa de Agentes Comunitários deSaúde.
􀂾 Estímulo à inclusão nas capacitações do SUS de temas ligados à Promoção da Saúde.
􀂾 Apoio técnico a Estados e Municípios para inclusão nas capacitações do Sistema Único de Saúde de temas ligados àPromoção da Saúde.
4.5 Apoio a Estados e Municípios que desenvolvam ações voltadas para a implementação da Estratégia Global, vigilância e prevenção dedoenças e agravos não transmissíveis.
4.6 Apoio à criação de Observatórios de Experiências Locais referentes à Promoção da Saúde
4.7 Estímulo à criação de Rede Nacional de Experiências Exitosas na adesão e no desenvolvimento da estratégia de municípios saudáveis
􀂾 Identificação e apoio a iniciativas referentes às Escolas Promotoras da Saúde com foco em ações de Alimentação Saudável;Práticas Corporais/Atividades Físicas e Ambiente Livre de Tabaco.
􀂾 Identificação e desenvolvimento de parceria com Estados e municípios para a divulgação das experiências exitosasrelativas a Instituições Saudáveis e Ambientes Saudáveis.
􀂾 Favorecimento da articulação entre os setores da saúde, meio ambiente, saneamento e planejamento urbano a fim deprevenir e/ou reduzir os danos provocados à saúde e ao meio ambiente, através do manejo adequado de mananciais hídricose resíduos sólidos, uso racional das fontes de energia, produção de fontes de energia alternativas e menos poluentes.
􀂾 Desenvolvimento de iniciativas de modificação arquitetônicas e no mobiliário urbano que objetivem a garantia de acesso àspessoas portadoras de deficiência e idosas.
􀂾 Divulgação de informações e definição de mecanismos de incentivo para a promoção de ambientes de trabalho saudáveiscom ênfase na redução dos riscos de acidentes de trabalho
4.8 Criação e divulgação da Rede de Cooperação Técnica para Promoção da Saúde
4.9 Inclusão das ações de Promoção da Saúde na agenda de atividades da comunicação social do SUS.
􀂾 Apoio e fortalecimento de ações de Promoção da Saúde inovadoras utilizando diferentes linguagens culturais, tais comojogral, hip hop, teatro, canções, literatura de cordel e outras formas de manifestação.
4.10 Inclusão da saúde e de seus múltiplos determinantes e condicionantes na formulação dos instrumentos ordenadores do planejamento urbano e/ou agrário (planos diretores, agendas 21 locais, dentre outros).
4.11 Estímulo à articulação entre Municípios, Estados e Governo Federal valorizando e potencializando o saber e as práticas existentes no âmbitoda Promoção da Saúde;
􀂾 Apoio às iniciativas das Secretarias estaduais e municipais no sentido da construção de parcerias que estimulem e viabilizempolíticas públicas saudáveis.
4.12 Apoio ao desenvolvimento de estudos referentes ao impacto na situação de saúde considerando ações de Promoção da Saúde.
􀂾 Apoio à construção de indicadores relativos as ações priorizadas para a Escola Promotora de Saúde: alimentaçãosaudável; práticas corporais/atividade física e ambiente livre de tabaco.
4.13 Estabelecimento de intercâmbio técnico-científico visando o conhecimento e a troca de informações decorrentes das experiências nocampo da atenção à saúde, formação, educação permanente e pesquisa com unidades federativas e países onde as ações de Promoção da Saúde estejam integradas ao serviço público saúde.
􀂾 Criação da Rede Virtual de Promoção da Saúde. de organização dos serviços de saúde.

sábado, 17 de outubro de 2009

Culinária japonesa - Bata yaki

Bata Yaki (Legumes refogados na manteiga)

Porção para duas a três pessoas

Ingredientes

150 g de kabotcha (abóbora japonesa) levemente pré cozida e fatiada
1 batata doce levemente pré cozida em fatias médias
200 g de ervilha torta esterilizadas e lavadas
1/2 berinjela japonesa cortada em fatias médias
1/2 abobrinha verde cortada em fatias médias
os ingredientes variam de acordo com o gosto pessoal

Molho

1 colher (sopa) de gergelim branco
1/2 copo de óleo (de milho, girassol, evitar de soja, pois fica "pesado")
1/2 copo de shoyu
2 dentes de alho
2 maçãs verdes

Preparo

Molho

Bater todos os ingredientes no liquidificador e em seguida colocar em uma panela e levar ao fogo até levantar fervura, desligue e disponha em tigelas.


Untar a chapa de ferro e/ou panela Teflon, com manteiga e refogar os ingredientes de modo que não fiquem muito amolecidos.
Os convidados irão se servindo dos legumes e mergulhando no molho e saboreando com arroz branco (shiro gohan).

Culinária japonesa - Sukiaki

Sukiaki (carne e legumes cozidos com shoyu)

Porção para duas a três pessoas

Ingredientes

350 g de filé mignon, contrafilé em fatias bem finas
200 g de tofu cortado em cubos
1 pacote de shimeji fresco
1 pacote pequeno de moyashi
150 g de acelga cortada em pedaços grandes
1 tikuwa cortado em fatias médias
1 colher (sopa) cheia de manteiga

Warishita

2 colheres (sopa) rasa de açúcar
1/4 de xícara de saquê Mirin
1/4 de xícara de saquê Kirin
1/2 xícara de shoyu
1/3 xícara de água
1/3 de um envelope de Hondashi
um pedaço pequeno de gengibre (opcional)

Preparo

No fogão fazer o caldo com o hondashi, gengibre, saquê Mirin, Kirin, água, shoyu e o açúcar, manter no fogo até dissolver o açúcar e reservar.

Refogar a carne com a manteiga, em seguida acrescentar o shimeji deixar refogar um pouco e despejar um pouco docaldo, depois a acelga e o moyashi, acrescentar mais um pouco do caldo e por último o tofu e o tikuwa e despejar o restante do caldo. Os ingredientes deverão estar levemente cozidos e assim estarão prontos.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Zang Fu (Órgãos e Visceras)

O papel dos Zang Fu é a de receber o ar, os alimentos e as bebidas do ambiente externo e transformá-los em substâncias e em produtos supérfluos, estes sãoexcretados e as Substâncias são circuladas por todo o organismo, mesmo sobre a superfície dele, e, no corpo, as Substâncias ciruclam tanto dentro comofora da rede dos Jing Luo (Canais e Colaterais), para abastecer todas as estruturas do corpo; além disso, os Zang Fu são também responsáveis por manter a relação de harmonia entre corpo e o ambiente externo.
Os Zang apresentam características Yin, são mais sólidos e internos e os responsáveis pela formação, transformação, armazenamento, liberação e regulaçãodas Substâncias puras que são o Qi, Xue, Jing, Jin Ye e Shen (espírito).
Os Fu apresentam características Yang, são mais ocos e externos e são responsáveis pela recepção e armazenamento dos alimetnos e bebidas, pela passagem e absorção de seus produtos de transformação e pela excreção dos resíduos.
Os Zang não se comunicam diretamente com o meio exterior, têm a função de transformar os produtos impuros dos Fu em substâncias puras as quais armazenam e as libertam. Existem exceções, como o Fei (pulmão), pois embora Zang, comunica-se diretamente com o ambiente externo pelas vias aéreas, e Dan (VB), embora Fu, recebe, armazena e excreta uma substância pura, a bile; o San Jiao não é associado com um órgão físico, mas pode ser considerado em termos de certos interrelacionamentos funcionais dos outros Zang Fu; e o Xin Bao (Pc) é desconsiderado como um sistema Zang, sendo suas funções incluídas no Xin (Coração).
ZANG: Shen, Pi, Gan, Xin, Fei, Xin Bao
Fu: Pang guang, Wei, Dan, Xiao Chang, Da Chang, San Jiao


ZANG FU - material consultado Zang Fu; Yamamura Ysao; Roca

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Otchanooyu - Cerimônia do chá (Páis do sol nascente)

A cerimônia do chá no Japão – “Chado” (Caminho do Chá) ou “Chanoyu” (água quente para o chá) – foi desenvolvida a partir dos conceitos de contemplação,
purificação e elevação do espírito do Zen Budismo. Os quatro princípios do “Chado” são:- WA: Harmonia- KEI: Respeiro- SEI: Pureza- JYAKU: Tranqüilidade

O principal objetivo da cerimônia do chá é elevar o espírito de todos os participantes. A cerimônia do chá não pode ser realizada sem estudo e preparação. Os mestres da cerimônia do chá estudam durante anos. Não basta servir o chá, é preciso conhecer cada um dos símbolos usados, cada um dos movimentos, o significado dos diferentes tipos de incenso, dos diferentes pratos servidos. Cada objeto e detalhe da cerimônia do chá precisa ser cuidadosamente escolhido e preparado: o tipo da louça, as flores usadas, o incenso que será queimado, os lenços de seda bordados, as tigelas de chá. Todos os itens são escolhidos de acordo com a época do ano, a estação, a solenidade do evento, a atmosfera que se deseja criar.

Existem dois tipos de cerimônia do chá: a cerimônia simples, o “Chanoyu”, onde serve-se apenas o chá e a cerimônia completa, o “Chaiji”, onde serve-se uma refeição completa antes de servir o chá.

O Chaiji pode levar até quatro horas para terminar e só pode ser realizado se o anfitrião tiver em sua casa o ambiente apropriado à cerimônia, o chashitsu, uma sala construída à parte da casa principal, em meio a um jardim, utilizada apenas para esse propósito.

Os convidados, preferencialmente em número de quatro, são recebidos ao chegar na casa pelo hanto, o assistente do anfitrião, são levados por ele para o machiai, uma ante-sala, onde retiram seus sapatos. Os convidados são então levados para o roji, um jardim interno onde poderão lavar as mãos em um tsukubai, vasilha de pedra cheia de água fresca, própria para essa função.

Os convidados sentam-se no koshikake machiai, ou seja, o sofá da sala de espera e enquanto aguardam o anfitrião (teishu), elegem um deles para ser o convidado principal que irá liderá-los em toda a cerimônia. O anfitrião chega, cumprimenta os convidados e os guia até o tsukubai onde cada um purifica as mãos e a boca. Depois disso todos atravessam a entrada da sala onde será servido o chá, normalmente fechada por portas corrediças e com uma abertura muito mais baixa que uma porta convencional, obrigando as pessoas a se ajoelharem no chão para passar. Esse ato de entrada simboliza a passagem entre o mundo material cotidiano e o mundo espiritual do chá, no momento da cerimônia não há diferenças sociais entre os participantes, são todos iguais. Todo esse cerimonial é feito em silêncio.

A sala principal onde irá ocorrer a cerimônia do chá não possui nenhuma decoração, exceto por um canto da sala chamado tokonoma onde se pode ver um pergaminho (kakemono) pendurado na parede. Esse pergaminho tem uma escritura budista feito por especialista em caligrafia que revela o tema da cerimônia. Os convidados apreciam o pergaminho e a seguir examinam o kama (chaleira com a água quente para o chá) e o furo, onde é colocado carvão para aquecer o ambiente e é queimado incenso. O anfitrião cumprimenta todos os convidados que se ajoelham no tatami, organizados de acordo com sua representatividade na cerimônia do chá.

Se a cerimônia estiver sendo feita completa, esse é o momento de se começar a servir o chakaiseki, a refeição queprecede o chá. Essa refeição ainda não é o momento principal da cerimônia, apenas uma preparação para servir o chá, esse sim, o momento mais importante. Os convidados recebem os hashi e são servidos com sake. A refeição é dividida em três partes: hashiarai onde são servidos alimentos crus como peixe acompanhado de molhos, nimono onde são servidos alimentos cozidos e yakimono onde são servidos alimentos grelhados. A refeição toda é acompanhada de arroz e sake e ao final todos comem um chamado omogashi.

Depois de comer, os convidados saem para o jardim e o anfitrião se prepara para servir o chá. O pergaminho na parede é substituído por flores e os utensíliospara o chá são colocados em uma bandeija de bambu (tana) diante do tatami onde os convidados se sentarão para beber o chá.

A tarefa de preparar e servir o chá é considerada uma verdadeira arte, mais de uma dúzia de utensílios são usados. Cada item possui uma representação simbólica e deve ser usado apropriadamente, de forma cerimoniosa e respeitosa. Os convidados retornam à sala, após se purificarem com água novamente e se ajoelham no tatami para o chá.

Nenhum dos itens usados na cerimônia de preparar e servir o chá pode ser tocado pelos convidados, somente pelo anfitrião. O chá verde (matcha) é colocado em uma taça de cerâmica e então macerado com o chasen lentamente até virar pó. A tigela é coberta por um lenço de seda (fukusa), o anfitrião coloca uma chaleira com água fervente ao lado dos utensílios do chá, purifica uma tigela para cada convidado com água e depois seca com um diferente fukusa. A seguir ele coloca um pouco de água quente na tigela onde está o pó do chá, misturando-o levemente com o auxílio de um utensílio de bambu.

A tigela então é oferecida para que os convidados a apreciem, um por um. Eles admiram a tigela em si e o aroma do chá fazendo elogios apropriados à ocasião. O anfitrião coloca mais água quente na tigela e serve as tigelas individuais de chá aos convidados, um a um. O chá deve ser completamente servido, não pode sobrar líquido na tigela. Todos apreciam e saboreiam o chá. O anfitrião recolhe todos os utensílios, lava-os e seca com lenços de seda.

Um segundo chá é preparado, um chá mais fraco que o primeiro (usacha) mas feito também de chá verde. Essa parte da cerimônia tem como propósito devolver o espírito dos presentes ao mundo terreno. São servidos doces secos (higashi) com esse segundo chá. Ao final, todos fazem uma reverência e os convidados se retiram, ficando o anfitrião na entrada da casa de chá.

Lenda do Tsuru (curiosidades nipônicas)

Tsuru na língua japonesa significa cegonha. São aves grandes com plumagem alva, tem em suas extremidades um tom avermelhado. O tsuru representa para os japoneses uma ave sagrada e símbolo da juventude.
São considerados na Ásia, os pássaros mais velhos da terra. É dito em uma lenda, que eles vivem durante mil anos. Eram os pássaros companheiro dos eremitas que faziam meditação nas montanhas. Como esses eram eremitas místicos, que supunham ter poderes sobrenaturais para não envelhecer, o tsuru passou a ser considerado um pássaro de vida longa. Eles simbolizam mocidade eterna e felicidade. Tal crença se estende praticamente ao longo de quase toda Ásia.
Diz a lenda, que quem fizer mil origamis de tsurus com o pensamento voltado para aquilo que deseja, alcançará bons resultados. Também é costume no Japão, levar papéis de origamis quando se visita alguém adoentado, na esperança de que quanto mais origamis de tsuru o acamado fizer, mais rápido se recuperará de sua enfermidade.


A lenda do Tsuru

Era uma vez um camponês muito pobre. Vivia em uma cabana tosca e seu único alimento eram algumas verduras que colhia de sua terra cansada
Um dia, ele encontrou uma garça machucada, com a asa destroçada. Por isso ela não podia voar e buscar alimento: isto a deixou muito fraca, à beira da morte.
O camponês teve pena da garça, cuidou de sua asinha e pacientemente colocou em seu bico algumas sementes. Sua bondade a livrou da morte e quando ela pôde voar, o camponês a soltou.
Alguns dias depois, uma mulher adorável apareceu em sua casa e pediu que lhe desse abrigo por uma noite. O camponês, por ser bom, não negaria esta caridade a qualquer pessoa, mas a beleza da mulher fez com que ele acreditasse que deixá-la dormir em sua pobre cabana era realmente uma honra. Os dois se apaixonaram e se casaram.
A noiva era delicada, atenciosa e tinha tanta disposição para o trabalho quanto era bonita, e assim eles viviam muito felizes. Mas para o camponês, que já tinha muita dificuldade em viver sozinho, ficou muito difícil cobrir as despesas que sua nova vida de casado lhe trazia.
Preocupada com esta situação, a esposa disse ao marido que produziria um tecido especial (tecer era um trabalho comum para as mulheres nessa época). Ele poderia vendê-lo para ganhar dinheiro, mas ela alertou que precisaria fazer seu trabalho em segredo, e que ninguém, nem mesmo ele, seu marido, poderia vê-la tecer.
O homem construiu uma outra pequena cabana nos fundos de sua casa e lá ela trabalhou, trancada, durante três dias. O marido só ouvia o som do tear batendo, e a curiosidade e a saudade que tinha de sua bela mulher fazia com que estes dias demorassem muito para passar.
Quando o som de tecelagem parou, ela saiu com um tecido muito bonito, de textura delicada, brilhante e com desenhosexóticos. A tecelã lhe deu o nome de “mil penas de Tsuru”.
Ele levou o tecido para a cidade. Os comerciantes ficaram surpreendidos e lutaram entre si para consegui-lo. O vendedor pagou com muitas moedas de ouro por ele. O pobre homem não podia acreditar que tão de repente a sorte começasse a lhe sorrir.
Desde então, a esposa passou a trabalhar no valioso tecido outras vezes. O casal podia, com o fruto da venda, viver em conforto. A mulher, porém, tornava-se dia após dia mais magra.
Um dia, ela disse que não poderia tecer por um bom tempo. Ela estava muito cansada. Seus ossos lhe doíam e a fraqueza quase a impedia de ficar em pé.
O camponês a amava muito e acreditava naquilo que ela dizia, porém tinha experimentado a cobiça e, como havia contraído algumas dívidas na cidade, pediu para que ela tecesse somente por mais uma vez. No princípio ela não aceitou, mas perante a insistência do marido, cedeu e começou a tecer novamente.
Desta vez ela não saiu no terceiro dia, como era de costume. E o homem ficou preocupado. Mais três dias se passaram sem que ela aparecesse. E isso começou a deixar o marido desesperado.
No sétimo dia, sem saber mais o que fazer, ele quebrou sua promessa, espiando o serviço de tecelagem que ela fazia.
Para a sua surpresa, não era sua mulher que estava tecendo. Arqueada sobre o tear encontrava-se uma garça, muito parecida com aquela que o camponês havia curado.
O homem mal pôde dormir à noite, pensando o que teria acontecido com a mulher que amava. Amaldiçoava-se por ter sido insaciável e praticamente ter obrigado a sua querida esposa a tecer mais uma vez.
Na manhã seguinte, a porta da cabaninha se abriu e o camponês com o coração aos saltos fixou seus olhos na porta,esperançoso em ver sua esposa sair dela com vida.
A mulher saiu da cabana com profundas olheiras, trazendo o último tecido nas mãos trêmulas. Entregou-o para o marido e disse: Agora preciso voltar, você viu minha verdadeira forma, assim eu não posso ficar mais com você!
Então, ela se transformou em uma garça e voou, deixando o camponês em lágrimas.

Yin e Yang

Yin e Yang

As teorias de Yin/Yang e dos Cinco Elementos são duas formas de entender os fenômenos da natureza, que refletem um conceito primitivo do antigo pensamento materialista e dialético da cultura chinesa (Xinnong, 1999). A teoria de Yin/Yang surgiu da observação dos fenômenos naturais. Inicialmente indicava a orientação da luz do sol onde a face do sol correspondia ao Yang e a face das costas do sol ao Yin (He, 1999). O ideograma (escrita chinesa) que representa o Yin e Yang tem o significado de uma montanha, onde o lado ensolarado representa o Yang e o lado da sombra o Yin, possivelmente esta teoria nasceu da observação sobre a alternância cíclica do dia e da noite (Maciocia, 1996). Ao seguir observando a natureza o pensador chinês antigo percebeu que esta dualidade se repetia em todos os fenômenos naturais, e que a existência de um fenômeno dependia da existência do outro, ou seja, a percepção do dia e do sol somente é possível pela existência da noite. Também percebeu algumas características típicas da noite como ser fria, conduzir ao recolhimento ao repouso, ser escura e outras; e as características do dia como ter o calor do sol, o sair para fora, a expansão, o movimento, o trabalho e outras.Nesta linha de observação o pensador antigo chinês observou a existência de outros dois fenômenos naturais fundamentais para a sobrevivência do homem: - a Água que com suas propriedades de ser fria e parada foi classificado como Yin e - o Fogo por ser quente e elevar suas chamas corresponde ao Yang (Wang, 2001). Assim todos os fenômenos que apresentassem as características do sol e do Fogo foram agrupadas como Yang – movimento, o ascender, o calor, o dia, a atividade, o homem, o alto, a claridade, o exterior, a ação, o verão, o leste e o sul (para o hemisfério chinês), a esquerda, e outros. E os que apresentassem características semelhantes a noite e a Água foram agrupadas como Yin – o repouso, o descender, o frio, a noite, a lua, a mulher, o baixo, o escuro, o interior, o material, a sombra, o oeste e o norte, a substancias, e outros. Ao analisar mais profundamente as características dos fenômenos de Yin/Yang observa-se a existência de quatro propriedades básicas: - oposição de Yin e Yang (dia e noite, frio e quente);- a interdependência de Yin e Yang: um fenômeno para existir depende da existência do outro (movimento ascendente e movimento descendente);- infinita divisibilidade de Yin e Yang: cada aspecto Yin ou Yang pode ser dividido em Yin e Yang novamente;- relação de intertransformação (gelo que mesmo sendo frio é capaz de queimar);- relação de suporte e consumo mutuo.
A teoria de Yin/Yang está presente em todos os conceitos que fornecem sustentação para a MTC. As características anatômicas e funcionais, as alterações patológicas e seu tratamento possuem claramente características Yin ou Yang (Xinnong, 1999). A aplicação da teoria de Yin/Yang no ser humano parte do princípio de que o corpo é um todo integrado, sendo que seus órgãos e tecidos estão conectados organicamente e podem ser divididos em dois aspectos opostos e complementares. Cada aspecto do corpo humano possui características Yin ou Yang. Conforme o livro Su Wen: “o homem tem uma forma física que é inseparável do Yin e do Yang”. Em anatomia, as Vísceras (Xiao Chang, Da Chang, Pang Guang, Dan, Wei e San Jiao), a região superior, lateral, dorsal, a superfície do corpo, os pêlos, a pele e a face externa dos membros são Yang, enquanto que os Órgãos (Gan, Fei, Shen, Xin, Xin Bao e Pi), a região inferior, ventral, o interior, a face interna dos membros, o lado medial, os músculo, os ossos, e o Sangue são Yin.Na fisiologia, a MTC considera que as atividades fisiológicas normais do organismo são o resultado do equilíbrio relativo entre Yin e Yang. As substâncias nutrientes são Yin, enquanto que a atividade funcional do corpo é Yang. Os dois aspectos são necessários para a existência da vida, pois sem nutrientes não haveria substâncias para as atividades funcionais, e sem atividade funcional como força motriz para a transformação e transporte dos nutrientes não haveria nutrientes para o organismo. Já o desequilíbrio entre Yin e Yang, traduzido pelo excesso ou deficiência de um ou de outro, gera a patologia. Esta desarmonia entre Yin/Yang gera uma série de sinais e sintomas físicos e mentais que são identificados através da história clínica e do exame físico do paciente, fornecendo os subsídios necessários para a identificação do padrão de desarmonia. Após a identificação destes padrões, o paciente poderá, então, ser tratado com qualquer um dos recursos que a MTC oferece: Acupuntura, Moxa, Tui Na, Farmacoterapia, Dietoterapia e Qi Qong. Em última instância, o tratamento das doenças para a MTC é nada mais nada menos do que o restabelecimento do equilíbrio entre Yin e Yang (Xinnong, 1999).

TAO

Tao significa caminho.
Nei Ching menciona o Tao como o “Caminho do Céu”, provavelmente lei ou fluxo da natureza onde não podemos entender a sua essência , mas apenas as suas manifestações. Três ou quatro séculos depois, no livro do sábio Lao Tzu, Tao Te Ching (Tratado do Caminho e da Virtude) deu ao termo Tao um significado importante. O Tao Te Ching não é um manual de filosofia, mas um livro de evocações poéticas e meditativas. Na primeira linha já diz “O Tao que pode ser seguido não é o caminho eterno, o nome que pode ser aplicado não é o nome eterno”. Para entender o Tao , deve negá-lo. Nós não podemos conhecê-lo ou entende-lo , mas compreender somente as suas manifestações . O Tao não é estático, mas dinâmico. Se temos que traduzi-lo, talvez a palavra mais próxima seja “ Força da Vida”.
As manifestações do Tao pode ser simbolicamente representada por um dos mais conhecidos ícones da nossa civilização , o Tai Chi (Supemo Pólo). Os livros antigos contam que o Tai Chi é a origem do Céu, da Terra e dos milhares de objetos. Divide o movimento e o repouso , o Yang e o Yin. Yin em movimento é o Yang. Yang parado é o Yin. Ambos se geram, se enfrentam, se transformam e se equilibram continuamente. E geram todos os objetos e fenômenos.
É dito que o “Tao do Céu e da Terra,o Yin e o Yang produzem milhares de objetos, o Tao do corpo , o Yin e o Yang nutrem todo o organismo“. No I Ching, “O Tai Chi gera dois aspectos - Yin e Yang -, os dois aspectos geram as quatro aparências que geram o Ba Kua ( 08 relações).Para os chineses, a existência do dualismo é constante no Universo e parece ser inerente a tudo. São duas forças contrárias e complementares. Não são dois elementos distintos mas dois aspectos complementares de uma mesma realidade. Nada é absolutamente Yin ou Yang. Todos possuem o Yin e o Yang. Nei Ching cita: ”no Yin existe Yang; no Yang existe Yin. Isto é claramente mostrado na esfera branca e preta do TAi Chi . São forças vitais imbricadas, uma não nega a outra.
Yin significa escuro e o tom da palavra é apagada. Yang significa claro e o tom da palavra é sonora . Entre o povo, tigre branco representa o Yin, a tristeza, o oeste e o entardecer. Dragão verde representa o Yang, o nascimento, o leste o amanhã . Entre os Taoistas existe a Mãe do Oeste e o Imperador de Jade do Leste (Shangai College,1996).Os taoistas enfatizam que ao traçar linhas horizontais, sempre cortará áreas escuras e claras, nunca somente escuras ou claras. Ao traçar diâmetros , sempre obtêm áreas equivalentes de escuro ou clara. Como o próprio Tao os sábios não tentam explicar o Yin ou o Yang. Zuan Tzu disse: “O apogeu do Yin é a passividade, do Yang é atividade”.
Tudo que existe foi produzido pela receptividade da Terra se oferecendo para o Céu e pela ação do Céu sobre a Terra. Na visão chinesa, o homem é o ponto de encontro entre o Céu e a Terra. Yin e Yang são produtos do Tao. Eles se influenciam , se aniquilam e se reproduzem. No Nei Ching se encontra “Yang e Yin correspondem ao Tao de Céu e da Terra...Céu se cria por concentração de Yang. Terra pelo acúmulo de Yin. Yin é calmo, Yang é movimento . Yang gera a vida , Yin a mantém e se impõe. Yang mata, Yin preserva. Yang se transforma em Yin para criar a vida”
O movimento das duas forças tende ao equilíbrio dinâmico (um equilíbrio estático leva a estagnação e a morte). O andar de uma pessoa simboliza bem este conceito, pois o caminhar é um constante desequilíbrio corrigido pelo movimento.
Prejuízos ocorrem quando uma das duas tendências se torna predominante em detrimento da outra. Secura é boa alternando com umidade, senão haverá escassez e fome, ou então enchentes e mortes. O Yin e o Yang não são nem bons nem maus. Somente quando há um predomínio excessivo que se torna perigoso. No corpo, todas as doenças são geradas pelo desequilíbrio do Yin e do Yang. Para tratar um doente, devemos tonificar as deficiências ou dispersas os excessos.

5 elementos

Cinco elementos ou movimentos

A Teoria dos Cinco Elementos (ou Movimentos), segundo Maciocia foi desenvolvida pela mesma escola filosófica que desenvolveu a Teoria do Yin e do Yang, ou seja, a “Escola do Yin-Yang”, algumas vezes chamada de “Escola Naturalista”, sendo seu expoente principal Zou Yan(350-270 a.C.). Inicialmente a Teoria dos Cinco Elementos tinha implicações políticas tanto quanto naturalistas . Os filósofos desta escolas eram estimados e temidos pois davam a entender que eram capazes de interpretar a Natureza sob a ótica do Yin-Yang e dos Cinco Elementos tirando conclusões políticas destes acontecimentos.
Apesar da conotação política, a Teoria dos Cinco Elementos apresenta muitas facetas. Os Cinco Elementos representam cinco qualidades diferentes do fenômeno natural , cinco movimentos e cinco fases das estações.Segundo Ysao Yamamura, a teoria dos Cinco Elementos ou Movimentos constitui o segundo pilar da filosofia e da Medicina Tradicional Chinesa. A concepção dos cinco elementos baseia-se na evolução dos fenômenos naturais, em como os vários aspectos que compõem a Natureza geram e dominam uns aos outros.
As características próprias dos fenômenos naturais podem ser agrupadas em cinco categorias diferentes que se encontra em constante movimento de geração e dominância entre si, constituindo o que foi denominado de Cinco Elementos (Movimentos). Assim:
Movimento Água – representa os fenômenos naturais que se caracterizam por: retração, profundidade, frio, declínio, queda, eliminação. Ponto de partida e chegada da transmutação dos Movimentos.
Movimento Madeira – representa o aspecto de crescimento, movimento, florescimento, síntese.
Movimento Fogo – representa todos os fenômenos naturais que se caracterizam por: ascensão, desenvolvimento, expansão, atividade.
Movimento Terra – representa os fenômenos naturais que traduzem por transformações e mudanças.
Movimento Metal – caracteriza os processos naturais de purificação, de seleção, de análise, de limpeza.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Luto e melancolia - Freud, Sigmund (1917)

By Sigmund Freud - 1917

Tendo os sonhos nos servido de protótipo das perturbações mentais narcisistas na vida normal, tentaremos agora lançar alguma luz sobre a natureza da melancolia, comparando-a com o afeto normal do luto. Dessa vez, porém, devemos começar por fazer uma confissão, como advertência contra qualquer superestimação do valor de nossasconclusões. A melancolia, cuja definição varia inclusive na psiquiatria descritiva, assume várias formas clínicas, cujo agrupamento numa única unidade não parece ter sido estabelecido com certeza, sendo que algumas dessas formas sugerem afecções antes somáticas do que psicogênicas. Nosso material, independentemente de tais impressões acessíveis a todo observador, limita-se a um pequeno número de casos de natureza psicogênica indiscutível. Desde o início, portanto, abandonaremos toda e qualquer reivindicação à validade geral de nossas conclusões, e nos consolaremos com a reflexão de que, com os meios de pesquisa à nossa disposição hoje em dia, dificilmente descobriríamos alguma coisa que não fosse típica, se não de toda uma classe de perturbações, pelo menos de um pequeno grupo delas.
A correlação entre a melancolia e o luto parece justificada pelo quadro geral dessas duas condições.
Além disso, as causas excitantes devidas a influências ambientais são, na medida em que podemos discerni-las, as mesmas para ambas as condições. O luto, de modo geral, é a reação à perda de um ente querido, à perda de alguma abstração que ocupou o lugar de um ente querido, como o país, a liberdade ou o ideal de alguém, e assim por diante. Em algumas pessoas, as mesmas influências produzem melancolia em vez de luto; por conseguinte, suspeitamos que essas pessoas possuem uma disposição patológica. Também vale a pena notar que, embora o luto envolva graves afastamentos daquilo que constitui a atitude normal para com a vida, jamais nos ocorre considerá-lo como sendo uma condição patológica e submetê-lo a tratamento médico. Confiamos que seja superado após certo lapso de tempo, e julgamos inútil ou mesmo prejudicial qualquer interferência em relação a ele.
Os traços mentais distintivos da melancolia são um desânimo profundamente penoso, a cessação de interesse pelo mundo externo, a perda da capacidade de amar, a inibição de toda e qualquer atividade, e uma diminuição dos sentimentos de auto-estima a ponto de encontrar expressão em auto-recriminação e auto-envilecimento, culminando numa expectativa delirante de punição. Esse quadro torna-se um pouco mais inteligível quando consideramos que, com uma única exceção, os mesmos traços são encontrados no luto. A perturbação da auto-estima está ausente no luto;fora isso, porém, as características são as mesmas. O luto profundo, a reação à perda de alguém que se ama, encerra o mesmo estado de espírito penoso, a mesma perda de interesse pelo mundo externo na medida em que estenão evoca esse alguém , a mesma perda da capacidade de adotar um novo objeto de amor (o que significaria substituí-lo) e o mesmo afastamento de toda e qualquer atividade que não esteja ligada a pensamentos sobre ele. Éfácil constatar que essa inibição e circunscrição do ego é expressão de uma exclusiva devoção ao luto, devoção que nada deixa a outros propósitos ou a outros interesses. E, realmente, só porque sabemos explicá-la tão bem é que essa atitude não nos parece patológica.
Parece-nos também uma comparação adequada chamar a disposição para o luto de "dolorosa". É bem provável que vejamos a justificação disso quando estivermos em condições de apresentar uma caracterização da economia da dor.
Em que consiste, portanto, o trabalho que o luto realiza ? Não me parece forçado apresentá-lo da forma que sesegue. O teste da realidade revelou que o objeto amado não existe mais, passando a exigir que toda a libido seja retirada de suas ligações com aquele objeto. Essa exigência provoca uma oposição compreensível é fato notório que as pessoas nunca abandonam de bom grado uma posição libidinal, nem mesmo, na realidade, quando um substituto já se lhes acena. Essa oposição pode ser tão intensa que dá lugar a um desvio da realidade e a um apego ao objeto por intermédio de uma psicose alucinatória carregada de desejo. Normalmente, prevalece o respeito pela realidade, ainda que suas ordens não possam ser obedecidas de imediato. São executadas pouco a pouco, com grande dispêndiode tempo e de energia catexial, prolongando-se psiquicamente, nesse meio tempo, a existência do objeto perdido.Cada uma das lembranças e expectativas isoladas, através das quais a libido está vinculada ao objeto, é evocada e hipercatexizada, e o desligamento da libido se realiza em relação a cada uma delas. Por que essa transigência, pela qual o domínio da realidade se faz fragmentariamente, deve ser não extraordinariamente penosa, de forma alguma é coisa fácil de explicar em termos de economia. É notável que esse penoso desprazer seja aceito por nós como algo natural. Contudo, o fato é que, quando o trabalho do luto se conclui, o ego fica outra vez livre e desinibido.
Apliquemos agora à melancolia o que aprendemos sobre o luto. Num conjunto de casos é evidente que a melancolia também pode constituir reação à perda de um objeto amado. Onde as causas excitantes se mostram diferentes,pode-se reconhecer que existe uma perda de natureza mais ideal.
O objeto talvez não tenha realmente morrido, mas tenha sido perdido enquanto objeto de amor (como no caso, por exemplo, de uma noiva que tenha levado o foro). Ainda em outros casos nos sentimos justificados em sustentar acrença de que uma perda dessa espécie ocorreu; não podemos, porém, ver claramente o que foi perdido, sendo de todo razoável supor que também o paciente não pode conscientemente perceber o que perdeu. Isso, realmente, talvez ocorra dessa forma, mesmo que o paciente esteja cônscio da perda que deu origem à sua melancolia, mas apenas no sentido de que sabe quem ele perdeu, mas não o que perdeu nesse alguém. Isso sugeriria que a melancolia está dealguma forma relacionada a uma perda objetal retirada da consciência, em contraposição ao luto, no qual nadaexiste de inconsciente a respeito da perda.
No luto, verificamos que a inibição e a perda de interesse são plenamente explicadas pelo trabalho do luto no qual o ego é absorvido. Na melancolia, a perda desconhecida resultará num trabalho interno semelhante e será, portanto, responsável pela inibição melancólica. A diferença consiste em que a inibição do melancólico nos enigmática porque não podemos ver o que é que o está absorvendo tão completamente. O melancólico exibe ainda uma outra coisa que está ausente no luto uma diminuição extraordinária de sua auto-estima, um empobrecimento de seu ego em grande escala. No luto, é o mundo que se torna pobre e vazio; na melancolia, é o próprio ego. O paciente representa seu ego para nós como sendo desprovido de valor, incapaz de qualquer realização e moralmente desprezível, ele se repreende e se envilece, esperando ser expulso e .punido. Degrada-se perante todos, e sente comiseração por seus próprios parentes por estarem ligados a uma pessoa tão desprezível. Não acha que uma mudança se tenha processado nele, mas estende sua auto-crítica até o passado, declarando que nunca foi melhor. Esse quadro de um delírio de inferioridade (principalmente moral) é completado pela insônia e pela recusa a se alimentar, e o que é psicologicamente notável por uma superação do instinto que compele todo ser vivo a se apegar à vida.
Seria igualmente infrutífero, de um ponto de vista científico e terapêutico, contradizer um paciente que faz taisacusações contra seu ego. Certamente, de alguma forma ele deve estar com a razão e descreve algo que é como lhe parece ser. Devemos, portanto, confirmar de imediato, e sem reservas, algumas de suas declarações. Ele se encontra,de fato, tão desinteressado e tão incapaz de amor e de realização quanto afirma. Mas isso, como sabemos, é secundário; trata-se do efeito do trabalho interno que lhe consome o ego trabalho que, nos sendo desconhecido, é, porém, comparável ao do luto. O paciente também nos parece justificado em fazer outras auto-acusações; apenas, ele dispõe de uma visão mais penetrante da verdade do que outras pessoas que não são melancólicas. Quando, em suaexacerbada auto-crítica, ele se descreve como mesquinho, egoísta, desonesto, carente de independência, alguém cujo único objetivo tem sido ocultar as fraquezas de sua própria natureza, pode ser, até onde sabemos, que tenha chegado bem perto de se compreender a si mesmo; ficamos imaginando, tão-somente, por que um homem precisa adoecerpara ter acesso a uma verdade dessa espécie. Com efeito, não pode haver dúvida de que todo aquele que sustenta e comunica a outros uma opinião de si mesmo como esta (opinião que Hamlet tinha a respeito tanto de si quanto detodo mundo), está doente, quer fale a verdade, quer se mostre mais ou menos injusto para consigo mesmo. Tampoucoé difícil ver que, até onde podemos julgar, não há correspondência entre o grau de auto-degradação e sua realjustificação. Uma mulher boa, capaz e conscienciosa, não terá palavras mais elogiosas para si mesma, durante a melancolia, do que uma que de fato seja desprovida de valor; realmente, talvez a primeira tenha mais probabilidadesde contrair a doença do que a segunda, a cujo respeito também nós nada teríamos a dizer de bom. Por fim, deve ocorrer-nos que, afinal de contas, o melancólico não se comporta da mesma maneira que uma pessoa esmagada, de uma forma normal, pelo remorso e pela auto-recriminação. Sentimentos de vergonha diante de outras pessoas que, mais do que qualquer outra coisa, caracterizariam essa última condição, faltam ao melancólico ou, pelo menos, não são proeminentes nele. Poder-se-ia ressaltar a presença nele de um traço quase oposto, de uma insistente comunicabilidade, que encontra satisfação no desmascaramento de si mesmo.
O ponto essencial, portanto, não consiste em saber se a auto-difamação aflitiva do melancólico é correta, no sentido de que sua auto-crítica esteja de acordo com a opinião de outras pessoas. O ponto consiste, antes, em saberse ele está apresentando uma descrição correta de sua situação psicológica. Ele perdeu seu amor-próprio e deve tertido boas razões para tanto. É verdade que então nos deparamos com uma contradição que coloca um problema de difícil solução. A analogia com o luto nos levou a concluir que ele sofrera uma perda relativa a um objeto; o que o paciente nos diz aponta para uma perda relativa a seu ego.
Antes de passarmos a essa contradição, detenhamo-nos um pouco no conceito que a perturbação do melancólico oferecea respeito da constituição do ego humano. Vemos como nele uma parte do ego se coloca contra a outra, julga-a criticamente e, por assim dizer, toma-a como seu objeto. Nossa desconfiança de que o agente crítico, que aqui se separa do ego, talvez também revele sua independência em outras circunstâncias, será confirmada ao longo de toda a observação ulterior.
Realmente, encontraremos fundamentos para distinguir esse agente do restante do ego. Aqui, estamo-nosfamiliarizando com o agente comumente denominado "consciência"; vamos incluí-lo, juntamente com a censura da consciência e do teste da realidade, entre as principais instituições do ego, e poderemos provar que ela pode ficardoente por sua própria causa. No quadro clínico da melancolia, a insatisfação com o ego constitui, por motivos deordem moral, a característica mais marcante. Freqüentemente, a auto-avaliação do paciente se preocupa muito menoscom a enfermidade do corpo, a feiúra ou a fraqueza, ou com a inferioridade social; quanto a essa categoria, somente seu temor da pobreza e as afirmações de que vai ficar pobre ocupam posição proeminente.
Há uma observação, de modo algum difícil de ser feita, que leva à explicação da contradição mencionada acima [no fim do penúltimo parágrafo]. Se se ouvir pacientemente as muitas e variadas auto-acusações de um melancólico, não se poderá evitar, no fim, a impressão de que freqüentemente as mais violentas delas dificilmente se aplicam ao próprio paciente, mas que, com ligeiras modificações, se ajustam realmente a outrém, a alguém que o paciente ama, amou ou deveria amar. Toda vez que se examinam os fatos, essa conjectura é confirmada. É assim que encontramos a chave do quadro clínico: percebemos que as auto-recriminações são recriminações feitas a um objeto amado que foram deslocadas desse objeto para o ego do próprio paciente.
A mulher que lamenta em altos brados o fato de o marido estar preso a uma esposa incapaz como ela, na verdade estáacusando o marido de ser incapaz, não importando o sentido que ela possa atribuir a isso. Não há por que se surpreender com o fato de haver algumas auto-recriminações autênticas difundidas entre as que foram transpostas. Permite-se que estas se intrometam, de uma vez que ajudam a mascarar as outras e a tornar impossível o reconhecimento do verdadeiro estado de coisas. Além disso, elas derivam dos prós e dos contras do conflito amoroso que levou à perda do amor. Também o comportamento dos pacientes, agora, se torna bem mais inteligível. Suas queixassão realmente "queixumes", no sentido antigo da palavra. Eles não se envergonham, nem se ocultam, já que tudo de desairoso que dizem sobre eles próprios refere-se, no fundo, à outra pessoa.
Além disso, estão longe de demonstrar perante aqueles que o cercam uma atitude de humildade e submissão única que caberia a pessoas tão desprezíveis. Pelo contrário, tornam-se as pessoas mais maçantes, dando sempre a impressão de que se sentem desconsideradas e de que foram tratadas com grande injustiça. Tudo isso só é possível porque as reações expressas em seu comportamento ainda procedem de uma constelação mental de revolta que, por um certo processo, passou então para o estado esmagado de melancolia.
Não é difícil reconstruir esse processo. Existem, num dado momento, uma escolha objetal, uma ligação da libido auma pessoa particular; então, devido a uma real desconsideração ou desapontamento proveniente da pessoa amada, a relação objetal foi destroçada. O resultado não foi o normal uma retirada da libido desse objeto e um deslocamento da mesma para um novo , mas algo diferente, para cuja ocorrência várias condições parecem ser necessárias. A catexia objetal provou ter pouco poder de resistência e foi liquidada. Mas a libido livre não foi deslocada para outro objeto; foi retirada para o ego. Ali, contudo, não foi empregada de maneira não especificada, mas serviupara estabelecer uma identificação do ego com o objeto abandonado. Assim a sombra do objeto caiu sobre o ego, e este pôde, daí por diante, ser julgado por um agente especial, como se fosse um objeto, o objeto abandonado.
Dessa forma, uma perda objetal se transformou numa perda do ego, e o conflito entre o ego e a pessoa amada, numa separação entre a atividade crítica do ego e o ego enquanto alterado pela identificação.
Uma ou duas coisas podem ser diretamente inferidas no tocante às pré-condições e aos efeitos de um processo como este. Por um lado, uma forte fixação no objeto amado deve ter estado presente; por outro, em contradição a isso, a catexia objetal deve ter tido pouco poder de resistência.
Conforme Otto Rank observou com propriedade, essa contradição parece implicar que a escolha objetal é efetuada numa base narcisista, de modo que a catexia objetal, ao se defrontar com obstáculos, pode retroceder para o narcisismo. A identificação narcisista com o objeto se torna então um substituto da catexia erótica; em conseqüência, apesar do conflito com a pessoa amada, não é preciso renunciar à relação amorosa. Essa substituição da identificação pelo amor objetal constitui importante mecanismo nas afecções narcisistas; Karl Landauer (1914), recentemente, teve ocasião de indicá-lo no processo de recuperação num caso e esquizofrenia. Ele representa, naturalmente, uma regressão de um tipo de escolha objetal para o narcisismo original. Mostramos em outro ponto que a identificação é uma etapa preliminar da escolha objetal, que é a primeira forma e uma forma expressa demaneira ambivalente pela qual o ego escolhe um objeto. O ego deseja incorporar a si esse objeto e, em conformidadecom a fase oral ou canibalista do desenvolvimento libidinal em que se acha, deseja fazer isso devorando-o. Abraham, sem vida, tem razão em atribuir a essa conexão à recusa de alimento encontrada em formas graves de melancolia.
A conclusão que nossa teoria exigiria a saber, que a tendência a adoecer de melancolia (ou parte dessa tendência) reside na predominância do tipo narcisista da escolha objectal infelizmente ainda não foi confirmada pela observação. Nas reações introdutórias deste artigo, admiti que o material empírico em que se fundamentou este estudo é insuficiente para as nossas necessidades. Se pudéssemos presumir um acordo entre os resultados daobservação e o que inferimos, não hesitaríamos em incluir em nossa caracterização da melancolia essa regressão dacatexia objetal para a fase oral ainda narcisista da libido. Também nas neuroses de transferência as identificações com o objeto de modo algum são raras; na realidade, constituem um conhecido mecanismo de formação desintomas, especialmente na histeria. Contudo, a diferença entre a identificação narcisista e a histérica pode residir no seguinte: ao passo que na primeira a catexia objetal é abandonada, na segunda persiste e manifesta sua influência, embora isso em geral esteja confinado a certas ações e inervações isoladas. Seja como for, também nas neuroses de transferência a identificação é a expressão da existência de algo em comum, que pode significar amor. A identificação narcisista é a mais antiga das duas e prepara o caminho para uma compreensão da identificação histérica, que tem sido estudada menos profundamente.
A melancolia, portanto, toma emprestado do luto alguns dos seus traços e, do processo de regressão, desde a escolha objetal narcisista para o narcisismo, os outros. É por um lado, como o luto, uma reação à perda real de um objeto amado; mas, acima de tudo isso, é assinalada por uma determinante que se acha ausente no luto normal ou que, se estiver presente, transforma este em luto patológico. A perda de um objeto amoroso constitui excelente oportunidade para que a ambivalência nas relações amorosas se faça efetiva e manifesta. Onde existe uma disposição para a neurose obsessiva, o conflito devido à ambivalência empresta um cunho patológico ao luto, forçando-o a expressar-se sob forma de auto-recriminação, no sentido de que a própria pessoa enlutada é culpada pela perda do objeto amado, isto é, que ela a desejou. Esses estados obsessivos de depressão que se seguem à morte de uma pessoa amada, revelam-nos o que o conflito devido à ambivalência pode alcançar por si mesmo quando também não há uma retração regressiva da libido.
Na melancolia, as ocasiões que dão margem à doença vão, em sua maior parte, além do caso nítido de uma perda por morte,incluindo as situações de desconsideração, desprezo ou desapontamento, que podem trazer para a relação sentimentos opostos de amor e ódio, ou reforçar uma ambivalência já existente. Esse conflito devido à ambivalência, que por vezes surge mais de experiências reais, por vezes mais de fatores constitucionais, não deve ser desprezado entre as pré-condições da melancolia. Se o amor pelo objeto um amor que não pode ser renunciado, embora o próprio objeto o seja se refugiar na identificação narcisista, então o ódio entra em ação nesse objeto substitutivo, dele abusando, degradando-o, fazendo-o sofrer e tirando satisfação sádica de seu sofrimento. A auto-tortura na melancolia, sem dúvida agradável, significa, do mesmo modo que o fenômeno correspondente na neurose obsessiva, uma satisfação das tendências do sadismo e do ódio relacionadas a um objeto, que retornaram ao próprio eu do indivíduo nas formas que vimos examinando. Via de regra, em ambas as desordens, os pacientes ainda conseguem, pelo caminho indireto da auto-punição, vingar-se do objeto original e torturar o ente amado através de sua doença, à qual recorrem a fim de evitar a necessidade de expressar abertamente sua hostilidade para com ele. Afinal de contas,a pessoa que ocasionou a desordem emocional do paciente, e na qual sua doença se centraliza, em geral se encontra em seu ambiente imediato. A catexia erótica do melancólico no tocante a seu objeto sofreu assim uma dupla vicissitude: parte delaretrocedeu à identificação, mas a outra parte, sob a influência do conflito devido à "ambivalência", foi levada de volta àetapa de sadismo que se acha mais próxima do conflito.
É exclusivamente esse sadismo que soluciona o enigma da tendência ao suicídio, que torna a melancolia tão interessante e tãoperigosa. Tão imenso é o amor de si mesmo do ego (seIflove), que chegamos a reconhecer como sendo o estado primevo do qual provém a vida instintual, e tão vasta é a quantidade de libido narcisista que vemos liberada no medo surgido de uma ameaça àvida, que não podemos conceber como esse ego consente em sua própria destruição. De há muito, é verdade, sabemos que nenhum neurótico abriga pensamentos de suicídio que não consistam em impulsos assassinos contra outros, que ele volta contra si mesmo, mas jamais fomos capazes de explicar que forças interagem para levar a cabo esse propósito. A análise da melancolia mostra agora que o ego só pode se matar se, devido ao retorno da catexia objetal, puder tratar a si mesmo corno um objeto se for capaz de dirigir contra si mesmo a hostilidade relacionada a um objeto, e que representa a reação original do ego para com objetos do mundo externo.Assim, na regressão desde a escolha objetal narcisista, é verdade que nos livramos do objeto; ele, não obstante, se revelou maispoderoso do que o próprio ego. Nas duas situações opostas, de paixão intensa e de suicídio, o ego é dominado pelo objeto, embora de maneiras totalmente diferentes.
Quanto ao marcante traço particular da melancolia que mencionamos, a proeminência do medo de ficar pobre, parece plausível suporque se origina do erotismo anal que foi arrancado de seu contexto e alterado num sentido regressivo.
A melancolia ainda nos confronta com outros problemas, cuja resposta em parte nos escapa. O fato de desaparecer após certotempo, sem deixar quaisquer vestígios de grandes alterações, é uma característica que ela compartilha com o luto. Verificamos, àguisa de explanação, que, no luto, se necessita de tempo para que o domínio do teste da realidade seja levado a efeito em detalhe e que, uma vez realizado esse trabalho, o ego consegue libertar sua libido do objeto perdido. Podemos imaginar que o ego se ocupa com um trabalho análogo no decorrer de uma melancolia; em nenhum dos dois casos dispomos de qualquer compreensão interna (insight) da economia do curso dos eventos. Na melancolia, a insônia atesta a rigidez da condição, a impossibilidade de se efetuar o retraimento geral das catexias necessário ao sono. O complexo de melancolia se comporta como uma ferida aberta, atraindo a si asenergias catexiais que nas neuroses de transferência denominamos de "anticatexias" provenientes de todas as direções, e esvaziando o ego até este ficar totalmente empobrecido. Facilmente, esse complexo pode provar ser resistente ao desejo, por parte do ego, de dormir.
O que provavelmente é um fator somático, fator este que não pode ser explicado psicologicamente, torna-se visível na melhoria regular da condição, que se verifica por volta do anoitecer. Essas considerações nos levam a perguntar se uma perda no ego, independentemente do objeto um golpe puramente narcisista contra o ego , não bastará para produzir o quadro de melancolia, e se um empobrecimento da libidodo ego, directamente por causa de toxinas, não será capaz de produzir certas formas de doença.
A característica mais notável da melancolia, e aquela que mais precisa de explicação, é sua tendência a se transformar em mania estado este que é o oposto dela em seus sintomas. Como sabemos, isso não acontece a toda melancolia. Alguns casos seguem seu curso em recaídasperiódicas, entre cujos intervalos sinais de mania talvez estejam inteiramente ausentes ou sejam apenas muito leves. Outros revelam a alteração regular de fases melancólicas e maníacas que leva à hipótese de uma insanidade circular. Veríamo-nos tentados a consideraresses casos como não sendo psicogênicos, se não fosse o fato de que o método psicanalítico conseguiu chegar a uma solução e efetuar uma melhoria terapêutica em vários casos precisamente dessa espécie. Não é apenas permissível, portanto, mas imperioso, estender uma explanaçãoanalítica da melancolia também à mania.
Não posso prometer que essa tentativa venha a ser inteiramente satisfatória. Mal nos leva além da possibilidade de tomarmos nossa orientaçãoinicial. Temos duas coisas a empreender: a primeira é uma impressão psicanalítica; a segunda, o que talvez possamos chamar de um tema de experiência econômica geral.
A impressão que vários investigadores psicanalíticos já puseram em palavras é que o conteúdo da mania em nada difere do da melancolia, queambas as desordens lutam com o mesmo "complexo", mas que, provavelmente, na melancolia o ego sucumbe ao complexo, ao passo que na mania domina-o ou o põe de lado. Nosso segundo indicador é proporcionado pela observação de que todos os estados, tais como a alegria, a exultação ou o triunfo, que nos fornecem o modelo normal para a mania, dependem das mesmas condições econômicas. Aqui, aconteceu que, como resultado de alguma influência, um grande dispêndio de energia psíquica, de há muito mantido ou que ocorre habitualmente, finalmente se tornadesnecessário, de modo que se encontra disponível para numerosas aplicações e possibilidades de descarga quando, por exemplo, algum pobre miserável, ganhando uma grande soma de dinheiro, fica subitamente aliviado da preocupação crônica com seu pão de cada dia, ou quando umalonga e árdua luta se vê afinal coroada de êxito, ou quando um homem se encontra em condições de se desfazer, de um só golpe, de alguma compulsão opressiva, alguma posição falsa que teve de manter por muito tempo, e assim por diante. Todas essas situações se caracterizam pela animação, pelos sinais de descarga de uma emoção jubilosa e por maior disposição para todas as espécies de ação da mesma maneira que na mania, e em completo contraste com a depressão e a inibição da melancolia. Podemos aventurar-nos a afirmar que a mania nada mais é do que um triunfo desse tipo; só que aqui, mais uma vez, aquilo que o ego dominou e aquilo sobre o qual está triunfando permanecem ocultos dele. A embriaguez alcoólica, que pertence à mesma classe de estados, pode (na medida em que é de exaltação) ser explicada da mesma maneira; aqui, provavelmente, ocorre uma suspensão, produzida por toxinas, de dispêndios de energia na repressão. A opinião popular gosta de presumir que uma pessoa num estado maníaco desse tipo se deleita no movimento e na ação porque ela é muito "alegre". Naturalmente, essa falsa conexão deve ser corrigida. O fato é que a condição econômica na mente do indivíduo, mencionada acima, foi atendida, sendo essa a razão por que ele se achatão animado, por um lado, e tão desinibido em sua ação, por outro.
Se reunirmos essas duas indicações, encontraremos o seguinte. Na mania, o ego deve ter superado a perda do objeto (ou seu luto pela perda, ou talvez o próprio objeto), e, conseqüentemente, toda a quota de anticatexia que o penoso sofrimento da melancolia tinha atraído para si vinda do ego e "vinculado" se terá tornado disponível. Além disso, o indivíduo maníaco demonstra claramente sua liberação do objeto que causou seu sofrimento, procurando, como um homem vorazmente faminto, novas catexias objetais.
Essa explicação certamente parece plausível mas, em primeiro lugar, é por demais indefinida e, em segundo, dá margem a mais novos problemas e dúvidas do que podemos responder. Não fugiremos a um exame dos mesmos, embora não possamos esperar que esse exame nos leve a uma compreensão nítida.
Em primeiro lugar, também o luto normal supera a perda de objeto e também, enquanto persiste, absorve todas as energias do ego. Por que, então, depois de seguir seu curso, não há, em seu caso, qualquer indício da condição econômica necessária a uma fase de triunfo ? Acho impossível respondera essa objeção diretamente. Também chama a nossa atenção para o fato de que nem sequer conhecemos os meios econômicos pelos quais o luto executa sua tarefa. Possivelmente, contudo, uma conjectura nos ajudará aqui. Cada uma das lembranças e situações de expectativa que demonstram a ligação da libido ao objeto perdido se defrontam com o veredicto da realidade segundo o qual o objeto não mais existe; e o ego, confrontado, por assim dizer,com a questão de saber se partilhará desse destino, é persuadido, pela soma das satisfações narcisistas que deriva de estar vivo, a romper sua ligação com o objeto abolido. Talvez possamos supor que esse trabalho de rompimento seja tão lento e gradual que, na ocasião em que tiver sido concluído, o dispêndio de energia necessária a ele também se tenha dissipado.
É tentador continuar a partir dessa conjectura sobre o trabalho do luto e tentar apresentar um relato do trabalho da melancolia. Aqui, de início, nos defrontamos com uma incerteza. Até agora, quase não consideramos a melancolia do ponto de vista topográfico, nem perguntamos a nós mesmos, nesse meio tempo, em que ou entre que sistemas psíquicos o trabalho de melancolia se processa.
Que parte dos processos mentais da doença ainda se verifica em conexão com as catexias objetais inconscientes abandonadas, e que parte em conexãocom seu substituto, por identificação, no ego?
A resposta rápida e fácil é que "a apresentação" (da coisa) inconsciente do objeto foi abandonada pela libido. Na realidade, contudo, essa apresentação é composta de inumeráveis impressões isoladas (ou traços inconscientes delas) e essa retirada da libido não é um processo que possa ser realizado num momento, mas deve, por certo, como no luto, ser um processo extremamente prolongado e gradual. Se ele começa simultaneamente em vários pontos ou se segue alguma espécie de seqüência fixa não é fácil decidir; nas análises, torna-se freqüentemente evidente que primeiro uma lembrança, e depois outra, é ativada, e que os lamentos que soam sempre como os mesmos, e são tediosos em sua monotonia, procedem, não obstante, cada vez de uma fonte inconsciente diferente. Se o objeto não possui uma tão grande importância para o ego importância reforçada por mil elos , então também sua perda não será suficiente para provocar quer o luto quer a melancolia. Essa característica de separar pouco a pouco a libido deve portanto ser atribuída de igual modo ao luto e à melancolia, sendo provavelmente apoiada pela mesma situação econômica e servindo aos mesmos propósitos em ambos.
Como já vimos, contudo, a melancolia contém algo mais que o luto normal. Na melancolia, a relação com o objeto não é simples; ela é complicada pelo conflito devido a uma ambivalência. Esta ou é constitucional, isto é, um elemento de toda relação amorosa formada por esse ego particular, ou provém precisamente daquelas experiências que envolveram a ameaça da perda do objeto. Por esse motivo, as causas excitantes da melancolia têm uma amplitudemuito maior do que as do luto, que é, na maioria das vezes, ocasionado por uma perda real do objeto, por sua morte. Na melancolia, em conseqüência,travam-se inúmeras lutas isoladas em torno do objeto, nas quais o ódio e o amor se degladiam; um procura separar a libido do objeto, o outro defenderessa posição da libido contra o assédio. A localização dessas lutas isoladas só pode ser atribuída ao sistema Ics., a região dos traços de memória de coisas (em contraste com as catexias da palavra). No luto, também, os esforços para separar a libido são envidados nesse mesmo sistema; mas nele nada impede que esses processos sigam o caminho normal através do Pcs. até a consciência. Esse caminho, devido talvez a um certo número de causas ou a uma combinação delas, está bloqueado para o trabalho da melancolia. A ambivalência constitucional pertence por natureza ao reprimido; as experiências traumáticas em relação ao objeto podem ter ativado outro material reprimido. Assim, tudo que tem a ver com essas lutas devidas à ambivalência, permanece retirado da consciência, até que o resultado característico da melancolia se fixe. Isso, como sabemos, consiste no abandono, por fim, do objeto pela catexia libidinal ameaçada, só que, porém, para recuar ao local do ego de onde tinha provindo. Dessa forma, refugiando-se no ego, o amor escapa à extinção. Após essa regressão da libido, o processo pode tornar-se consciente, sendo representado à consciência como um conflito entre uma parte do ego e o agente crítico.
No trabalho da melancolia, portanto, a consciência está cônscia de uma parte que não é essencial, e nem sequer é uma parte à qual possamos atribuir o mérito de ter contribuído para o término da doença. Vemos que o ego se degrada e se enfurece contra si mesmo, e compreendemos tão pouco quanto o paciente a que é que isso pode levar e como pode modificar-se. De forma mais imediata, podemos atribuir tal função à parte inconsciente do trabalho,pois não é difícil perceber uma analogia essencial entre o trabalho da melancolia e o do luto. Do mesmo modo que o luto compele o ego a desistir do objeto, declarando-o morto e oferecendo ao ego o incentivo de continuar a viver, assim também cada luta isolada da ambivalência distende a fixação da libido ao objeto, depreciando-o, denegrindo-o e mesmo, por assim dizer, matando-o. É possível que o processo no Ics. chegue a um fim, quer após a fúria ter-se dissipado quer após o objeto ter sido abandonado como destituído de valor. Não podemos dizer qual dessas duas possibilidades é a regularou a mais usual para levar a melancolia a um fim, nem que influência esse término exerce sobre o futuro curso do caso. O ego pode derivar daí asatisfação de saber que é o melhor dos dois, que é superior ao objeto.
Mesmo que aceitemos esse conceito a respeito do trabalho da melancolia, ele ainda não proporciona uma explanação do único ponto que nos interessa esclarecer. Esperávamos que a condição econômica para o surgimento da mania, após a melancolia ter seguido o seu curso, fosse encontrada naambivalência que domina essa afecção, e nisso encontramos um apoio proveniente de analogias em vários outros campos. Mas existe um fato diante do qual essa expectativa tem que se render. Das três pré-condições da melancolia perda do objeto, ambivalência e regressão da libido ao ego, as duas primeiras também se encontram nas auto-recriminações obsessivas que surgem depois da ocorrência de uma morte. Indubitavelmente, nesses casos é a ambivalência que constitui a força motora do conflito, revelando-nos a observação que, depois de terminado o conflito, nada mais restaque se assemelhe ao triunfo de um estado de mente maníaco. Somos levados assim a considerar o terceiro fator como o único responsável pelo resultado. O acúmulo de catexia que, de início, fica vinculado e, terminado o trabalho da melancolia, se torna livre, fazendo com que a maniaseja possível deve ser ligado à regressão da libido ao narcisismo. O conflito dentro do ego, que a melancolia substitui pela luta pelo objeto,deve atuar como uma ferida dolorosa que exige uma anticatexia extraordinariamente elevada. Aqui, porém, mais uma vez, será bom parar e adiar qualquer outra explicação da mania até que tenhamos obtido certa compreensão interna (insight) da natureza econômica, primeiro da dor física,depois da dor mental análoga a ela. Conforme já sabemos, a interdependência dos complicados problemas da mente nos força a interromper qualquer indagação antes que esta esteja concluída até que o resultado de uma outra indagação possa vir em sua ajuda.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Otchanoyu (cerimônia do chá)

fonte http://www.havesometea.net/MadTeaParty/archives/113

A cerimônia japonesa do cháA cerimônia do chá no Japão – “Chado” (Caminho do Chá) ou “Chanoyu” (água quente para o chá) – foi desenvolvida a partir dos conceitos de contemplação,
purificação e elevação do espírito do Zen Budismo. Os quatro princípios do “Chado” são:- WA: Harmonia- KEI: Respeiro- SEI: Pureza- JYAKU: Tranqüilidade
O principal objetivo da cerimônia do chá é elevar o espírito de todos os participantes. A cerimônia do chá não pode ser realizada sem estudo e preparação. Os mestres da cerimônia do chá estudam durante anos. Não basta servir o chá, é preciso conhecer cada um dos símbolos usados, cada um dos movimentos, o significado dos diferentes tipos de incenso, dos diferentes pratos servidos. Cada objeto e detalhe da cerimônia do chá precisa ser cuidadosamente escolhido e preparado: o tipo da louça, as flores usadas, o incenso que será queimado, os lenços de seda bordados, as tigelas de chá. Todos os itens são escolhidos de acordo com a época do ano, a estação, a solenidade do evento, a atmosfera que se deseja criar.
Existem dois tipos de cerimônia do chá: a cerimônia simples, o “Chanoyu”, onde serve-se apenas o chá e a cerimônia completa, o “Chaiji”, onde serve-se uma refeição completa antes de servir o chá.
O Chaiji pode levar até quatro horas para terminar e só pode ser realizado se o anfitrião tiver em sua casa o ambiente apropriado à cerimônia, o chashitsu, uma sala construída à parte da casa principal, em meio a um jardim, utilizada apenas para esse propósito.
Os convidados, preferencialmente em número de quatro, são recebidos ao chegar na casa pelo hanto, o assistente do anfitrião, são levados por ele para o machiai, uma ante-sala, onde retiram seus sapatos. Os convidados são então levados para o roji, um jardim interno onde poderão lavar as mãos em um tsukubai, vasilha de pedra cheia de água fresca, própria para essa função.
Os convidados sentam-se no koshikake machiai, ou seja, o sofá da sala de espera e enquanto aguardam o anfitrião (teishu), elegem um deles para ser o convidado principal que irá liderá-los em toda a cerimônia. O anfitrião chega, cumprimenta os convidados e os guia até o tsukubai onde cada um purifica as mãos e a boca. Depois disso todos atravessam a entrada da sala onde será servido o chá, normalmente fechada por portas corrediças e com uma abertura muito mais baixa que uma porta convencional, obrigando as pessoas a se ajoelharem no chão para passar. Esse ato de entrada simboliza a passagem entre o mundo material cotidiano e o mundo espiritual do chá, no momento da cerimônia não há diferenças sociais entre os participantes, são todos iguais. Todo esse cerimonial é feito em silêncio.
A sala principal onde irá ocorrer a cerimônia do chá não possui nenhuma decoração, exceto por um canto da sala chamado tokonoma onde se pode ver um pergaminho (kakemono) pendurado na parede. Esse pergaminho tem uma escritura budista feito por especialista em caligrafia que revela o tema da cerimônia. Os convidados apreciam o pergaminho e a seguir examinam o kama (chaleira com a água quente para o chá) e o furo, onde é colocado carvão para aquecer o ambiente e é queimado incenso. O anfitrião cumprimenta todos os convidados que se ajoelham no tatami, organizados de acordo com sua representatividade na cerimônia do chá.
Se a cerimônia estiver sendo feita completa, esse é o momento de se começar a servir o chakaiseki, a refeição queprecede o chá. Essa refeição ainda não é o momento principal da cerimônia, apenas uma preparação para servir o chá, esse sim, o momento mais importante. Os convidados recebem os hashi e são servidos com sake. A refeição é dividida em três partes: hashiarai onde são servidos alimentos crus como peixe acompanhado de molhos, nimono onde são servidos alimentos cozidos e yakimono onde são servidos alimentos grelhados. A refeição toda é acompanhada de arroz e sake e ao final todos comem um chamado omogashi.
Depois de comer, os convidados saem para o jardim e o anfitrião se prepara para servir o chá. O pergaminho na parede é substituído por flores e os utensíliospara o chá são colocados em uma bandeija de bambu (tana) diante do tatami onde os convidados se sentarão para beber o chá.
A tarefa de preparar e servir o chá é considerada uma verdadeira arte, mais de uma dúzia de utensílios são usados. Cada item possui uma representação simbólica e deve ser usado apropriadamente, de forma cerimoniosa e respeitosa. Os convidados retornam à sala, após se purificarem com água novamente e se ajoelham no tatami para o chá.
Nenhum dos itens usados na cerimônia de preparar e servir o chá pode ser tocado pelos convidados, somente pelo anfitrião. O chá verde (matcha) é colocado em uma taça de cerâmica e então macerado com o chasen lentamente até virar pó. A tigela é coberta por um lenço de seda (fukusa), o anfitrião coloca uma chaleira com água fervente ao lado dos utensílios do chá, purifica uma tigela para cada convidado com água e depois seca com um diferente fukusa. A seguir ele coloca um pouco de água quente na tigela onde está o pó do chá, misturando-o levemente com o auxílio de um utensílio de bambu.
A tigela então é oferecida para que os convidados a apreciem, um por um. Eles admiram a tigela em si e o aroma do chá fazendo elogios apropriados à ocasião. O anfitrião coloca mais água quente na tigela e serve as tigelas individuais de chá aos convidados, um a um. O chá deve ser completamente servido, não pode sobrar líquido na tigela. Todos apreciam e saboreiam o chá. O anfitrião recolhe todos os utensílios, lava-os e seca com lenços de seda.

Um segundo chá é preparado, um chá mais fraco que o primeiro (usacha) mas feito também de chá verde. Essa parte da cerimônia tem como propósito devolver o espírito dos presentes ao mundo terreno. São servidos doces secos (higashi) com esse segundo chá. Ao final, todos fazem uma reverência e os convidados se retiram, ficando o anfitrião na entrada da casa de chá.