terça-feira, 13 de outubro de 2009

Otchanooyu - Cerimônia do chá (Páis do sol nascente)

A cerimônia do chá no Japão – “Chado” (Caminho do Chá) ou “Chanoyu” (água quente para o chá) – foi desenvolvida a partir dos conceitos de contemplação,
purificação e elevação do espírito do Zen Budismo. Os quatro princípios do “Chado” são:- WA: Harmonia- KEI: Respeiro- SEI: Pureza- JYAKU: Tranqüilidade

O principal objetivo da cerimônia do chá é elevar o espírito de todos os participantes. A cerimônia do chá não pode ser realizada sem estudo e preparação. Os mestres da cerimônia do chá estudam durante anos. Não basta servir o chá, é preciso conhecer cada um dos símbolos usados, cada um dos movimentos, o significado dos diferentes tipos de incenso, dos diferentes pratos servidos. Cada objeto e detalhe da cerimônia do chá precisa ser cuidadosamente escolhido e preparado: o tipo da louça, as flores usadas, o incenso que será queimado, os lenços de seda bordados, as tigelas de chá. Todos os itens são escolhidos de acordo com a época do ano, a estação, a solenidade do evento, a atmosfera que se deseja criar.

Existem dois tipos de cerimônia do chá: a cerimônia simples, o “Chanoyu”, onde serve-se apenas o chá e a cerimônia completa, o “Chaiji”, onde serve-se uma refeição completa antes de servir o chá.

O Chaiji pode levar até quatro horas para terminar e só pode ser realizado se o anfitrião tiver em sua casa o ambiente apropriado à cerimônia, o chashitsu, uma sala construída à parte da casa principal, em meio a um jardim, utilizada apenas para esse propósito.

Os convidados, preferencialmente em número de quatro, são recebidos ao chegar na casa pelo hanto, o assistente do anfitrião, são levados por ele para o machiai, uma ante-sala, onde retiram seus sapatos. Os convidados são então levados para o roji, um jardim interno onde poderão lavar as mãos em um tsukubai, vasilha de pedra cheia de água fresca, própria para essa função.

Os convidados sentam-se no koshikake machiai, ou seja, o sofá da sala de espera e enquanto aguardam o anfitrião (teishu), elegem um deles para ser o convidado principal que irá liderá-los em toda a cerimônia. O anfitrião chega, cumprimenta os convidados e os guia até o tsukubai onde cada um purifica as mãos e a boca. Depois disso todos atravessam a entrada da sala onde será servido o chá, normalmente fechada por portas corrediças e com uma abertura muito mais baixa que uma porta convencional, obrigando as pessoas a se ajoelharem no chão para passar. Esse ato de entrada simboliza a passagem entre o mundo material cotidiano e o mundo espiritual do chá, no momento da cerimônia não há diferenças sociais entre os participantes, são todos iguais. Todo esse cerimonial é feito em silêncio.

A sala principal onde irá ocorrer a cerimônia do chá não possui nenhuma decoração, exceto por um canto da sala chamado tokonoma onde se pode ver um pergaminho (kakemono) pendurado na parede. Esse pergaminho tem uma escritura budista feito por especialista em caligrafia que revela o tema da cerimônia. Os convidados apreciam o pergaminho e a seguir examinam o kama (chaleira com a água quente para o chá) e o furo, onde é colocado carvão para aquecer o ambiente e é queimado incenso. O anfitrião cumprimenta todos os convidados que se ajoelham no tatami, organizados de acordo com sua representatividade na cerimônia do chá.

Se a cerimônia estiver sendo feita completa, esse é o momento de se começar a servir o chakaiseki, a refeição queprecede o chá. Essa refeição ainda não é o momento principal da cerimônia, apenas uma preparação para servir o chá, esse sim, o momento mais importante. Os convidados recebem os hashi e são servidos com sake. A refeição é dividida em três partes: hashiarai onde são servidos alimentos crus como peixe acompanhado de molhos, nimono onde são servidos alimentos cozidos e yakimono onde são servidos alimentos grelhados. A refeição toda é acompanhada de arroz e sake e ao final todos comem um chamado omogashi.

Depois de comer, os convidados saem para o jardim e o anfitrião se prepara para servir o chá. O pergaminho na parede é substituído por flores e os utensíliospara o chá são colocados em uma bandeija de bambu (tana) diante do tatami onde os convidados se sentarão para beber o chá.

A tarefa de preparar e servir o chá é considerada uma verdadeira arte, mais de uma dúzia de utensílios são usados. Cada item possui uma representação simbólica e deve ser usado apropriadamente, de forma cerimoniosa e respeitosa. Os convidados retornam à sala, após se purificarem com água novamente e se ajoelham no tatami para o chá.

Nenhum dos itens usados na cerimônia de preparar e servir o chá pode ser tocado pelos convidados, somente pelo anfitrião. O chá verde (matcha) é colocado em uma taça de cerâmica e então macerado com o chasen lentamente até virar pó. A tigela é coberta por um lenço de seda (fukusa), o anfitrião coloca uma chaleira com água fervente ao lado dos utensílios do chá, purifica uma tigela para cada convidado com água e depois seca com um diferente fukusa. A seguir ele coloca um pouco de água quente na tigela onde está o pó do chá, misturando-o levemente com o auxílio de um utensílio de bambu.

A tigela então é oferecida para que os convidados a apreciem, um por um. Eles admiram a tigela em si e o aroma do chá fazendo elogios apropriados à ocasião. O anfitrião coloca mais água quente na tigela e serve as tigelas individuais de chá aos convidados, um a um. O chá deve ser completamente servido, não pode sobrar líquido na tigela. Todos apreciam e saboreiam o chá. O anfitrião recolhe todos os utensílios, lava-os e seca com lenços de seda.

Um segundo chá é preparado, um chá mais fraco que o primeiro (usacha) mas feito também de chá verde. Essa parte da cerimônia tem como propósito devolver o espírito dos presentes ao mundo terreno. São servidos doces secos (higashi) com esse segundo chá. Ao final, todos fazem uma reverência e os convidados se retiram, ficando o anfitrião na entrada da casa de chá.

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